A ministra dos Negócios Estrangeiros moçambicana, Verónica Macamo, considerou esta quinta-feira, numa declaração à Lusa, que o 25 de Abril é recordado “com apreço” em Moçambique por “ter criado uma nova era” nos processos de independência.
“A Revolução dos Cravos de 1974 mudou decisivamente o curso da história portuguesa. Restituiu, por um lado, as liberdades que o povo português tanto ansiava e, por outro, instaurou um regime democrático que prevalece e floresce até aos dias de hoje em Portugal”, explica a governante, na declaração sobre os 50 anos do 25 de Abril.
A chefe da diplomacia moçambicana sublinha que “em Moçambique, o 25 de Abril é recordado com apreço por ter criado uma nova era que inaugurou os caminhos para a negociação, concessão e o reconhecimento das independências dos povos de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste”.
Macamo crescenta que “na altura, os nacionalistas moçambicanos em luta pela libertação de Moçambique do jugo colonial saudaram efusivamente o golpe de estado que derrubara um inimigo comum”, a “ditadura fascista opressora do povo português e o regime colonial-fascista que subjugava o povo moçambicano”.
“Conquistada a independência em Moçambique e instituída a liberdade em Portugal, as relações bilaterais de amizade e cooperação luso-moçambicanas progrediram satisfatoriamente e, 50 anos depois, atingiram níveis de excelência bastante altos”, reconhece Macamo.
A diplomata refere igualmente que “a progressão plena dos laços que unem os povos moçambicano e português ocorreu num clima de grande amizade e confiança renovada”, cuja “fonte remonta dos objetivos comuns almejados há meio século pelos nacionalistas em Moçambique e antifascistas em Portugal”.
Macamo aponta, como exemplo do atual nível de relação, as cimeiras bilaterais dirigidas pelos chefes de Governo de ambos os países, “formalizadas há cerca de uma década e meia” e que “asseguram a proximidade e afetividade entre as respetivas lideranças políticas e garantem o estímulo e o aprofundamento das relações bilaterais”.
“Essa trajetória sólida das relações de amizade e cooperação é ampla, abundante e abrangente. Regulada por dois instrumentos-chave, o Programa Estratégico de Cooperação e o Programa-Quadro de Cooperação no Domínio da Defesa, a cooperação bilateral envolve os domínios político-diplomático, económico, social e cultural”, detalha a ministra na mesma declaração.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, iniciou na quarta-feira uma visita de quatro dias a Portugal, por ocasião das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a convite do homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Tendo em conta que o 25 de Abril tem uma dimensão multilateral, as celebrações do dia da Liberdade proporcionarão ao Presidente Filipe Nyusi a convivência com os demais líderes dos países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, que afluirão à capital portuguesa”, explica a ministra Macamo.
“Será, inegavelmente, uma ocasião de recordação e reflexão sobre quão determinante foram as lutas de libertação nacional na germinação da revolta dos jovens militares portugueses, que conduziu ao planeamento e execução do golpe de Estado contra o regime fascista do Estado Novo”, concluiu.