O PCP acusou hoje o primeiro-ministro de ter instrumentalizado as forças de segurança para propaganda da ação do Governo e considerou que o investimento anunciado foi “ridículo”, representando uma “gota de água” nos orçamentos das polícias.

Esta declaração foi feita pelo deputado comunista António Filipe, na Assembleia da República, depois de Luís Montenegro, na quarta-feira, a partir de São Bento, em horário nobre, ter anunciado que o Governo vai aprovar hoje em Conselho de Ministros uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para a aquisição de mais de 600 veículos para PSP e GNR.

“O que é significativo e lamentável desta declaração é que o primeiro-ministro, falando quase como se fosse um comandante das forças policiais, ao fazer uma declaração desta natureza, utiliza as forças e serviços de segurança ao serviço da propaganda governamental. Tanto mais quanto aquilo que é anunciado [quarta-feira], que são 20 milhões de euros para a aquisição de viaturas, podemos dizer que chega a ser ridículo”, apontou António Filipe.

Neste ponto, o deputado do PCP assinalou para efeitos de comparação que o orçamento anual de que cada uma das forças de segurança é superior a 1100 milhões de euros e que, por exemplo, o orçamento para o investimento em matéria de instalações e equipamentos é de 157 milhões de euros, “o que aliás é um decréscimo relativamente ao previsto em anos anteriores”, rematou António Filipe.

Por outro lado, para António Filipe, também não faz sentido que o Governo “anuncie grandes operações das forças e serviços de segurança, porque não é isso que resolve o problema de segurança e tranquilidade das populações”.

“Estamos isso sim perante uma cedência, de facto, a um discurso alarmista relativamente à segurança interna, em relação ao qual, lamentavelmente, o Governo está a alinhar. Já sabemos que o Governo privilegia o espetáculo político com a apresentação de grandes programas, grandes projetos e muitas propostas – programas e projetos que, depois, na prática, têm uma concretização mínima”, criticou.

Para o deputado do PCP, o Governo, sobretudo, “não deve utilizar as forças e serviços de segurança na propaganda governamental, que foi o que aconteceu na quarta-feira”.

“Nada justifica uma declaração destas, com esta solenidade, até, quase em tom alarmista, quando, no fundo, o Governo não veio anunciar coisa nenhuma”, acrescentou.

No final de uma reunião de cerca de uma hora com a ministras da Justiça e da Administração e com, os responsáveis máximos da PJ, GNR, e PSP e com o secretário-geral adjunto do Sistema de Segurança Interna, primeiro-ministro repetiu que Portugal “é um dos países mais seguros do mundo”, mas defendeu que não pode “viver à sombra da bananeira” nesta matéria.