Vivo em Gaia há cerca de 40 anos e apercebo-me que está deprimida, triste e sem rumo. Nunca pensei ser possível algo semelhante! Vive-se um clima de final de ciclo e suspense por o que virá a seguir, há um misto de incredulidade e esperança no futuro.

Infelizmente, actualmente, Gaia é notícia por as piores razões possíveis e inimagináveis: corrupção, compadrio, interesses e impunidade.

Hoje, em Gaia a vida política é uma espécie de terra de ninguém.

A vida política em Gaia, com tanta desresponsabilização e amnésia, continua a cavar um fosso enorme, entre os gaienses e a actividade política.

Vivemos em Gaia num regime de “habilidocracia”, que tem levado à indiferença dos gaienses em relação à vida política da cidade. Os políticos em Gaia têm a sua reputação e legitimidade nas ruas da amargura.

Gaia está transformada numa cidade faz de conta, de cobardia e sem-vergonhismo. Gaia não pode ser uma cidade de paródia, sem direito, sem razão, sem uniformidade, sem equidade, sem rigor, sem dignidade, sem imparcialidade.

Como português e gaiense sinto tristeza e opróbrio por o que se está a passar, sinto-me vítima do estado a que chegou Gaia.

Gaia lembra-me um princípio de Abraham Lincolm em que, “é possível enganar toda a gente em alguns momentos, ou enganar algumas pessoas a todo o momento, mas não é possível enganar toda a gente a todo o momento”.

Uma eleição para presidente de uma câmara é, em certa medida, uma eleição semelhante à eleição de um presidente da República, com algumas nuances, que extravasa os partidos. Tem muito de unipessoal e é muito importante quem encabeça a lista à autarquia.

Gaia tem que  mudar de vida, não é uma cidade qualquer, com mais de 300 mil habitantes, é a terceira cidade de Portugal, merece o melhor. Gaia precisa de um novo élan com entusiasmo e inspiração, actualmente vive um karma.