A disputa presidencial nos Estados Unidos ultrapassa um embate partidário. As eleições norte-americanas representam um confronto de visões sobre o papel do país no cenário mundial, marcado por tensões como a invasão da Ucrânia, a instabilidade no Médio Oriente, a ameaça nuclear crescente, a transição energética e a perspetiva latente de crise económica. Kamala Harris e Donald Trump avançam em direções opostas.
Kamala Harris, vice-presidente de Joe Biden, promove uma agenda de cooperação internacional, defendendo o fortalecimento da NATO e o apoio à Ucrânia como essenciais para a segurança europeia. Enfrenta, contudo, um eleitorado preocupado com inflação e desemprego. Harris apoia uma política monetária cautelosa, com ajustes graduais nos juros, procurando equilibrar inflação e emprego. Apesar desta posição, a candidata valoriza a independência da Reserva Federal norte-americana.
Trump adota uma visão nacionalista e isolacionista, sustentando que a Europa deve investir mais na sua defesa. Defende uma política monetária expansionista, com cortes agressivos nos juros para estimular a economia, mesmo que isso possa agravar a inflação. Para Trump, não é possível alcançar o melhor dos “dois mundos”.
Em relação à China, os dois candidatos reconhecem a relevância estratégica da segunda maior economia do mundo, mas com abordagens distintas. Harris procura um equilíbrio entre competição e cooperação, enquanto Trump considera a China uma ameaça económica, propondo a imposição de tarifas robustas e incentivando a produção interna. Esta postura agrada à base nacionalista, mas pode aumentar tensões comerciais e pressionar ainda mais a inflação à escala global.
Na área de energia, Harris aposta em fontes renováveis e empregos verdes como via para a descarbonização, enquanto Trump apoia o setor dos combustíveis fósseis para reduzir custos de produção e garantir independência energética. A escolha entre energias renováveis e fósseis impacta diretamente na inflação, já que a energia é um dos principais impulsionadores dos preços.
Com a tensão nuclear crescente entre Estados Unidos e China, Rússia, Coreia do Norte e Irão, Harris tende a reforçar alianças e negociar acordos de controlo nuclear, enquanto Trump pode favorecer o fortalecimento do arsenal norte-americano como estratégia dissuasória.
Estas eleições vão ditar o papel dos EUA num mundo altamente instável. As visões opostas de Harris e Trump sobre economia, defesa e ambiente terão impacto global. O desfecho deste 5 de novembro poderá definir o futuro da estabilidade mundial.