Inês de Sousa Real apelou hoje “à paz social, à reposição daquilo que é calma e a ordem num Estado de direito democrático” face aos recentes desacatos na Grande Lisboa e pediu o apuramento de responsabilidades pela morte de um cidadão baleado pela PSP, “sem ceder ao populismo”.

“Por mais que possamos ter uma sociedade onde ainda possam haver manifestações, seja de racismo, de medo, de ódio, de discriminação, não é através destes episódios e deste tumulto social que se está a gerar que vamos combater aquilo que é o caminho que temos ainda a fazer pela frente para uma maior integração de toda a população, para combatermos as desigualdades estruturais que ainda persistem e, acima de tudo, o medo que as pessoas possam sentir deste tipo de intervenções”, considerou a deputada do PAN.

Por outro lado, a deputada considerou que as forças de segurança “não podem atuar sobre o manto nem de receio nem de temor das suas próprias vidas e sem valorização”.

“É importante que neste momento se façam todos os esforços para que seja investigado o processo, se apurem as responsabilidades, mas sem cedermos ao populismo”, alertou.

Inês de Sousa Real salientou que está em causa a morte de um cidadão, que lamentou, e afirmou que não se pode “ir atrás do discurso populista e até irresponsável” que diz ter ouvido por parte de “algumas forças políticas”.

Na ótica da deputada, “independentemente da investigação que está em curso” jamais poderá ser atribuída qualquer tipo de medalha às forças de segurança pela morte de um cidadão, considerando que também para os agentes policiais este acontecimento “é um peso e um marco muito negativo”.

“Temos que saber respeitar o luto da família e da comunidade, mas também das próprias forças de segurança perante um episódio traumático como este”, afirmou.

Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.

Estes desacatos têm sucedido após a morte de Odair Moniz, de 43 anos, que foi mortalmente baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora.