Pedro Sánchez assegurou hoje que os militares das Nações Unidas não vão sair do Líbano e pediu à comunidade internacional para “blindar o seu apoio” à organização e agir com determinação contra o Governo israelita.

“Condenamos de forma rotunda a declaração de ontem do primeiro-ministro Netanyahu”, disse o primeiro-ministro espanhol, referindo-se ao líder do governo de Israel, que pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) para retirar os capacetes azuis que estão no Líbano, uma força de paz liderada por Espanha e que integra mais de 600 militares espanhóis.

As instalações da força da ONU – UNIFIL, na sigla em inglês – foram alvo de ataque por parte das forças armadas israelitas nos últimos dias, com Telavive a dizer que estão a funcionar como escudo da milícia Hezzbollah.

“A comunidade internacional deve blindar o seu apoio às Nações Unidas”, disse hoje Pedro Sánchez em Barcelona, na abertura da conferência World in Progress, organizada pelo grupo de comunicação social Prisa.

Sánchez sublinhou que Netanyahu pediu a retirada do terreno de uma missão das Nações Unidas “que o que faz é favorecer a paz” entre o Líbano e Israel.

“Não vai haver retirada da UNIFIL”, afirmou, considerando que o que está a acontecer no terreno justifica mais do que nunca a presença da força de paz no Líbano e que as instituições e fóruns multilaterais, que trabalham pela paz, pela democracia e pela ordem internacional, têm de ser defendidas.

Sánchez disse esperar a mesma posição de outros países e apelou ao despertar da comunidade internacional em relação a Israel e ao que está a acontecer no Médio Oriente.

“Atuemos com determinação, com enorme empatia com a população israelita pelo que sofreu, mas também com determinação contra um governo e um primeiro-ministro, Nethanyau, que tem uma única pretensão, que é impor uma nova ordem regional pela força”.

“A única coisa que vai trazer é mais desordem, mais destruição ao Médio Oriente e, por consequência, mais instabilidade ao mundo”, acrescentou.

Para Pedro Sánchez, o governo de Netanyahu tem como plano de ação “destruir a solução política dos dois Estados”, que considerou a única para haver paz duradoura na região.

O primeiro-ministro espanhol reiterou também o pedido de bloqueio total de venda de armas a Israel, que fez na sexta-feira, e disse que está na hora de a Comissão Europeia responder ao pedido feito por Espanha e pela Irlanda há nove meses para a suspensão do acordo de associação com Israel em caso de estar a haver, por parte de Telavive, “como tudo sugere”, violações de direitos humanos no território palestiniano de Gaza e no Líbano.

“A escalada [da guerra no Médio Oriente] não é uma possibilidade, já é uma certeza”, afirmou, questionando em que momento a comunidade internacional “normalizou toda a barbárie” que está a acontecer, com 800 bombas por dia em média a serem lançadas sobre Gaza no último ano ou instalações de uma força da ONU a serem atacadas no Líbano.

Telavive invadiu o Líbano, um ano depois de ter feito o mesmo na Faixa de Gaza. A incursão militar israelita em Gaza, iniciada em outubro de 2023, teve como objetivo debelar as forças do movimento radical Hamas e foi uma resposta a um ataque deste grupo.

No Líbano, a incursão é justificada com a necessidade de diminuir as capacidades militares do Hezbollah, grupo miliciano apoiado pelo Irão. Tal como aconteceu com Gaza, Israel está a ser criticado pela resposta, considerada desproporcionada e pelos bombardeamentos em áreas com grande densidade populacional, como Beirute, capital do Líbano.