A transição digital integra diferentes tipos de tecnologia, permitindo melhorar e transformar as operações, funções, modelos, processos e atividades das organizações. O processo de digitalização começa com uma grande quantidade de dados que são continuamente recolhidos e armazenados pelas empresas em vários sistemas de informação, sendo posteriormente necessário combiná-los e processá-los, de forma a extrair informação útil. Esta informação, quando combinada com modelos adequados, permite gerar conhecimento e, por conseguinte, poder de decisão.

É já amplamente consensual que a digitalização traz enormes benefícios e o ritmo imprimido pela investigação a nível global é cada vez mais acelerado, de forma a satisfazer as necessidades da indústria. Existe ainda, no entanto, uma grande lacuna entre as soluções tecnológicas existentes e a sua implementação sólida nas empresas.

Entre as barreiras existentes à sua implementação incluem-se a falta de verbas, a falta de planeamento, os sistemas de recolha e gestão de dados obsoletos, fatores humanos e a cibersegurança. A falta de verbas é considerada o principal obstáculo que as empresas enfrentam no processo de digitalização, sendo, na maioria das vezes, necessário financiamento externo. A falta de planeamento e os fatores humanos são também vistos como barreiras relevantes, já que o processo de transformação digital pode gerar alguma resistência humana, devido à incompreensão destas soluções, sendo, portanto imprescindível uma forte aposta na formação dos recursos humanos.

Outro aspeto fundamental quando falamos em digitalização prende-se com a qualidade dos dados. Para avançarmos com algoritmos de inteligência artificial, técnicas de machine learning ou deep learning, é importante que exista rigor e fiabilidade nos dados recolhidos, pois de outra forma a informação ficará comprometida.

A nível nacional a transição digital é considerada um dos instrumentos essenciais da estratégia de desenvolvimento do país. A construção de uma sociedade digital é identificada como uma oportunidade para reinventar o funcionamento e a organização do Estado, orientando-o para reforçar a competitividade económica e para desenvolver um clima favorável à inovação e ao conhecimento. A aposta numa sociedade baseada no conhecimento, em que o crescimento da produtividade assenta na inovação e na qualificação das pessoas, numa economia aberta em que o Estado apoia o processo de crescimento e a internacionalização das empresas, constituem assim vetores essenciais ao desenvolvimento económico do país.

É, portanto, imperativo que o setor público aproveite esta oportunidade, criando condições para melhorar os serviços prestados e, assim, garantir uma melhor qualidade de vida aos cidadãos. Isto requer uma forte aposta na modernização das infraestruturas, sem descurar a formação e qualificação dos recursos humanos. Para concretizar este objetivo, é fundamental definir uma visão estratégica global para a transição digital, identificando os principais desafios da sociedade portuguesa e operacionalizando as políticas nesta matéria.

Na minha opinião, para que a digitalização seja bem-sucedida e se possa colher todos os benefícios que ela proporciona, é necessário que exista uma harmonia entre os aspetos técnicos, humanos e económicos. As empresas do futuro serão certamente mais aptas e bem sucedidas do ponto de vista tecnológico, graças aos jovens, a geração mais digital de sempre, com grandes competências digitais e aptidão aos avanços tecnológicos.

A digitalização é já uma realidade incontornável nos dias de hoje, materializada numa sociedade e economia cada vez mais assentes na investigação, no desenvolvimento tecnológico e na inovação, áreas em constante e exponencial crescimento, cujo maior desafio é conseguir acompanhar o seu ritmo.

Parece-me urgente a implementação de uma visão estratégica sobre o ambiente tecnológico das empresas, com vista à alteração do paradigma atual: empresas ricas em dados e pobres em informação.

Este artigo apenas expressa a opinião do seu autor, não representando a posição das entidades com as quais colabora