O debate desta semana entre os candidatos a vice-presidente dos Estados Unidos, Tim Walz e J. D. Vance, deverá centrar-se na imigração, economia e aborto, com democratas e republicanos praticamente empatados nas sondagens, salientam analistas políticos.

Thomas Holyoke, professor da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno, antecipa à Lusa que os temas em destaque no debate de Nova Iorque na terça-feira (madrugada de terça para quarta-feira em Portugal Continental) serão a economia e a imigração e que o republicano J. D. Vance tentará fazer o que Donald Trump não conseguiu no seu embate com Kamala Harris, atacando a candidata sem perder a compostura.

Do outro lado, “Walz poderá tentar atingir Vance por causa da história dos migrantes do Haiti a comerem animais de estimação em Springfield, visto que Vance continua a defendê-la apesar de ser ridícula”, apontou Holyoke, referindo-se a uma acusação falsa feita por Donald Trump e repetida por J. D. Vance de que a comunidade de migrantes oriundos do Haiti que se estabeleceu em Springfield, Ohio, estaria a roubar e a comer cães e gatos. A história causou controvérsia e levou mesmo a ameaças de bomba na cidade.

Segundo prevê Thomas Holyoke, Tim Walz poderá tentar substanciar algumas das políticas económicas da plataforma democrata a que Kamala Harris aludiu no primeiro debate.

“Não há grande evidência de que debates vice-presidenciais tenham importância”, afirmou Thomas Holyoke. “Tim Walz não tem recebido muita atenção e Vance só repete o que Donald Trump diz, por isso não há grande atração neste debate”.

Também o professor Joel K. Goldstein, um dos maiores especialistas na vice-presidência norte-americana, salientou que os debates entre candidatos a número dois “não fazem grande diferença”, chamando no entanto a atenção para o facto de este ser o último debate que está agendado, já que Donald Trump afastou a possibilidade de voltar a ter um frente a frente com Kamala Harris.

“É difícil prever como vai correr. Vance tem sido muito agressivo a atacar os democratas e suponho que seguirá essa abordagem”, explicou o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Saint Louis. “Walz tende a ter um estilo diferente e estou certo de que argumentará contra as políticas da dupla Trump-Vance”, continuou, acrescentando que Vance deverá fazê-lo com mais controvérsia, o que agradará sobretudo às bases.

Além de economia e imigração, Goldstein também considera que os direitos reprodutivos vão ser um tema importante na discussão e que serão demonstradas “diferenças profundas” em matéria de política internacional. A curiosidade, segundo os analistas, será ver como debatem dois políticos que não estão tão habituados ao palco principal como outros candidatos.

“Vance é basicamente um neófito político”, salientou Goldstein, referindo que o republicano só concorreu e ganhou uma eleição, para o Senado pelo Ohio em 2022.

“Walz tem muito mais experiência política, mas nenhum deles alguma vez debateu a este nível”.

O debate vice-presidencial acontece a cinco semanas das eleições e numa altura em que as sondagens mostram diferenças mínimas entre Harris e Trump. Embora a candidata democrata mantenha uma vantagem a nível nacional, os números nos estados críticos são tão próximos que é difícil prever quem tem maiores hipóteses de vencer o colégio eleitoral.