O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa admitiu este domingo, 29 de setembro, que tem feito pressão e exercido influência na negociação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), argumentando ainda que, por vezes, tem de se abdicar das próprias convicções políticas em nome de interesses maiores.
“O que tenho feito é, de facto, influência, não nego. Quando dizem ‘mas ele está a fazer influência? Estou a fazer influência. Está a fazer pressão? Estou a fazer pressão’”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa, frisando que o próximo OE2025 é uma questão de interesse nacional devido à situação da Europa e do mundo.
Em declarações em Cantanhede, distrito de Coimbra, à margem da inauguração do Museu da Arte e do Colecionismo, o chefe de Estado contrariou o líder do PS, Pedro Nuno Santos, que hoje afirmou, a propósito da negociação do Orçamento, preferir perder eleições a abdicar das suas convicções.
“A questão, como imaginam, é do interesse nacional. Ou se considera que há um interesse nacional que explica que o Orçamento passe ou se acha o contrário. Abdicando de convicções, claro, eu abdiquei de convicções, como líder da oposição [quando era presidente do PSD] em muitos pontos, para acertar com o engenheiro Guterres um acordo”, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa.
O mesmo se aplica, acrescentou, do lado do Governo: “O Governo tem de perceber que o facto de ter um programa que passou mo Parlamento, não quer dizer que o aplique todo, agora, de imediato. E se tiver que fazer cedências no programa, para tornar possível um acordo, deve fazer cedências no programa”, defendeu o PR.