Os vereadores do PS na Câmara de Setúbal defenderam hoje uma auditoria externa ao pagamento de ajudas de custo a Maria das Dores Meira, ex-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, no seu último mandato como presidente do município sadino.
Segundo Joel Marques, o pedido para a realização de uma auditoria externa já foi apresentado na sessão pública de câmara de quarta-feira pelos vereadores do PS, na sequência de uma notícia do jornal Público (acesso pago) sobre o pagamento de despesas de 73 mil euros à ex-presidente, pela utilização de viatura própria.
Na edição do passado dia 29 de agosto, o diário dava também conta de uma investigação do Ministério Público a eventuais irregularidades da ex-autarca na utilização dos cartões de crédito do município, para pagamento de despesas que ascendem a mais de 103 mil euros, incluindo deslocações a diversos países – Estados Unidos (duas vezes), Brasil (duas vezes), Moçambique, Madagáscar, Taiwan, China, Israel (duas vezes) e Japão –, questões que os socialistas de Setúbal também querem ver esclarecidas.
“Os vereadores do PS querem perceber por que razão a ex-autarca de Setúbal recebeu 73 mil euros por usar o próprio carro, quando lhe estavam atribuídas duas viaturas e dois motoristas, e se houve alguma ilegalidade no que diz respeito a um alegado esquema de preenchimento de boletins dos itinerários, para recebimento ilícito de vantagem, para recebimento de despesas”, disse à agência Lusa Joel Marques.
“Isto é uma coisa que é relativamente fácil de desconstruir, se for mentira, ou de comprovar, se for verdade, através da comparação dos boletins de itinerários que foram preenchidos e validados pela ex-presidente com os boletins itinerários dos seus motoristas e, também, com as passagens na Via Verde das viaturas que lhe estavam adstritas”, acrescentou.
Para o autarca socialista, “também é preciso perceber se são casos isolados ou uma prática corrente no município, no mandato anterior, ou nos outros mandatos em que Maria das Dores Meira foi presidente, ou até mesmo no atual mandato da CDU na Câmara de Setúbal”.
“Só uma prática corrente e normalizada da utilização de viatura própria poderá justificar que, até ao momento, não tenha sido aberto um inquérito e determinada uma auditoria que, por uma questão de transparência e isenção, entendemos que deverá ser conduzida por uma entidade externa”, frisou o autarca socialista.
Maria das Dores Meira garantiu ao jornal Público que as despesas em causa eram todas legais e devidamente comprovadas, considerando que estava a ser vítima de “atoardas e falsidades” por parte do atual executivo da CDU na Câmara de Setúbal, liderado por André Martins, e dos responsáveis locais do PS.
Maria das Dores Meira, que, entretanto, abandonou o PCP, já anunciou a intenção de se recandidatar à Câmara Municipal de Setúbal, como independente, nas próximas eleições autárquicas de 2025.