Cerca de oito meses após o acordo de compra e venda e depois de recebidas as necessárias aprovações da Autoridade da Concorrência e do Banco Central Europeu, o Abanca concluiu, no passado mês, o processo de aquisição na totalidade do EuroBic. Com esta operação, o Abanca ganhou uma dimensão relevante no mercado bancário nacional e posicionou-se enquanto player entre as principais entidades financeiras em Portugal.
Em termos gerais, diria que a aposta do Abanca no mercado bancário português é positiva, por aquilo que poderá trazer de acrescida concorrência, mas também porque acaba com a indefinição que se arrastava no tempo sobre o futuro do EuroBic.
É surpreendente, por sinal, a aparente falta de interessados na aquisição do EuroBic. Tendo em conta que este banco teve 104 milhões de euros de lucros em 2023 e cerca de 40 milhões de euros de 2022, os dados apontam para que o Abanca rapidamente recupere o capital investido. O ano em curso também dará certamente o seu contributo. Um excelente negócio, portanto.
Acresce que, além de ganhar uma notoriedade que não tinha ainda no mercado português, o Abanca multiplica consideravelmente a sua base de clientes, o volume de negócios e a sua rede comercial.
O reforço da presença do Abanca no nosso mercado consolida a tendência em curso, no âmbito da qual não somos interessantes para os grandes players europeus, mas em que a presença em Portugal faz todo o sentido para os bancos espanhóis no contexto do mercado bancário peninsular.
Isto dito, o Abanca tem todas as condições para continuar a crescer no mercado português, agora numa vertente orgânica.
Igualmente importante, o Abanca reúne todas as condições para, de forma tranquila e madura, consolidar a aquisição do EuroBic sem qualquer perda relevante de postos de trabalho e sem reestruturações violentas. Este é o ângulo, aliás, que mais me interessa enquanto presidente do maior sindicato de bancários no ativo. Certamente que iremos seguir com toda a atenção a evolução deste processo.