A organização de defesa dos direitos humanos venezuelana Foro Penal afirmou hoje que pelo menos seis pessoas, incluindo dois menores, morreram durante os protestos que se registam desde segunda-feira no país contra a reeleição de Nicolás Maduro.

“Neste momento, o lamentável número de pessoas assassinadas, no dia de ontem, 29 de julho, é de seis pessoas, dois menores – uma rapariga de 16 anos e um rapaz de 15 anos”, disse o diretor do Foro Penal, Alfredo Romero, em declarações à imprensa e reproduzidas na página da organização não-governamental na rede social X.

O responsável deu ainda conta de 132 detidos pelas autoridades neste período que designou como “pós-eleitoral”, referindo-se aos protestos que se têm repetido por várias cidades venezuelanas desde segunda-feira contra os resultados da eleições presidenciais de domingo, anunciados pelas autoridades, que reelegeram Nicolás Maduro.

Segundo Romero, a maioria das pessoas foram detidas na capital, Caracas, mas também relatou “uma quantidade importante” de detidos no estado de Zúlia. A ONG revelou ainda estar a recolher permanentemente denúncias e a verificar as detenções, que “estão constantemente a subir”, e os falecidos.

“Lamentavelmente, e esta é uma situação que já conhecemos há mais de 22 anos, as manifestações não são acompanhadas de diálogo ou conversações com o Governo, mas sim com repressão”, criticou Alfredo Romero.

Anteriormente, as autoridades e o Foro Penal tinham referido três mortos.

Hoje, o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, disse que um membro das Forças Armadas morreu devido a disparos que atribuiu aos manifestantes, no estado de Aragua, no norte do país. Além disso, pelo menos 48 polícias e militares ficaram feridos.

Saab revelou ainda “um número preliminar de 749 delinquentes detidos”, acrescentando que a maioria foi acusada de “resistência à autoridade” e “em casos mais graves, de terrorismo”.

Algumas dessas pessoas, prosseguiu, estão ligadas a casos como o ataque a autarquias governadas pelo chavismo, a um escritório do Conselho Nacional Eleitoral ou violação do património, uma vez que os manifestantes derrubaram várias estátuas do falecido presidente Hugo Chávez.

O Conselho Nacional Eleitoral concedeu a vitória ao Presidente Maduro com pouco mais de 51% dos votos, à frente do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, que terá obtido 44% dos votos.

A principal coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unida, afirmou que o seu candidato ganhou a Presidência por uma ampla margem (73%) e criou um sítio na Internet no qual carregou resultados eleitorais para sustentar a sua afirmação.

A oposição e parte da comunidade internacional duvidam destes resultados e exigem mais transparência e uma análise das atas eleitorais.