A França apelou hoje a “total transparência” das autoridades venezuelanas na divulgação de informações detalhadas dos resultados das eleições presidenciais, para “garantir a veracidade do voto”, numa altura em que a oposição contesta a reeleição de Nicolas Maduro.

“Nas eleições presidenciais, o povo venezuelano expressou-se em grande número e de forma pacífica. A sua escolha deve ser respeitada”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, referindo-se aos 59% dos eleitores venezuelanos que compareceram às urnas no domingo.

Num comunicado, o ministério pediu “plena aplicação da lei eleitoral venezuelana, o que implica, acima de tudo, a publicação completa dos resultados das assembleias de voto”, sublinhando o apelo “às autoridades venezuelanas para que conduzam este processo democrático de forma transparente”.

“Só a total transparência do processo eleitoral pode garantir a veracidade do voto e o respeito pela vontade dos eleitores”, acrescentou a diplomacia francesa.

A França juntou-se assim a um grande número de países que manifestaram dúvidas sobre o resultado anunciado desta eleição, que resultou na reeleição pelo terceiro mandato consecutivo do Presidente cessante Nicolás Maduro, de 61 anos.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou hoje oficialmente Nicolás Maduro como presidente venezuelano, depois de ter anunciado, no domingo à noite, que o líder chavista, no poder desde 2013, venceu as eleições, resultado rejeitado pela oposição.

Nicolás Maduro reagiu de imediato ao ato de proclamação da CNE, realçando que alcançou a proeza de ter derrotado “o fascismo” nas eleições de domingo.

“Derrotar o fascismo, os demónios, as demónias, é um feito histórico e o nosso povo conseguiu, o nosso povo conseguiu de novo”, sublinhou o líder chavista depois de receber das mãos do presidente do CNE, Elvis Amoroso, a credencial simbólica que lhe permitirá governar o país até 2031.

No domingo à noite, o CNE adiantou que Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%).

Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas países democráticos demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela além de Portugal, como Espanha e Estados Unidos.