O Ministério Público (MP) pediu uma condenação entre oito e 10 anos de prisão efetiva para o empresário de futebol César Boaventura, um dos principais arguidos do processo Operação Malapata, cujo julgamento continuou no Porto.
O procurador defendeu esta quinta feira ter ficado provado toda a acusação deduzida contra Boaventura, que compareceu nas alegações finais, realizadas no Tribunal de São João Novo, quatro meses depois da última audiência, e que responde por cinco crimes de burla qualificada, três de falsificação documental, um de fraude fiscal e um de branqueamento de capitais.
“Na nossa opinião, a versão do arguido não merece credibilidade e deverá ser afastada. Durante um interrogatório, deu explicações contraditórias e sem lógica”, sustentou o MP.
O advogado de César Boaventura, Carlos Melo Alves, pediu a absolvição do seu cliente, assegurando ainda não ter sido notificado sobre a existência de um documento, que foi apresentado como meio de prova pelo MP e que terá sido forjado por César Boaventura. O causídico criticou também que Ali Barat, empresário inglês e parceiro do seu homólogo português em vários negócios, não tivesse sido constituído arguido no processo, face às “contradições que mostrou em todos os momentos” no respetivo depoimento em tribunal.
Quanto aos restantes arguidos da denominada Operação Malapata, que está a investigar transferências de jogadores e contas bancárias por onde circulavam milhares de euros, o MP solicitou uma pena “próxima do mínimo legal”, mas suspensa na respetiva execução.
A sessão começou sem as audições das duas testemunhas em falta, o empresário luso-canadiano José Lima e Paulo Lopo, ex-presidente da SAD do Leixões, da II Liga, e atual rosto máximo da administração do futebol profissional do Estrela da Amadora, da I Liga.
José Lima não chegou a ser localizado durante as diligências efetuadas pela autoridades do Canadá, ao passo que o dirigente da SAD da Reboleira foi notificado, mas não esteve presente no tribunal portuense nem compareceu por videochamada, motivando o coletivo de juízes a abdicar desses depoimentos, em função da extensa duração das diligências.
A leitura do acórdão acontecerá em 11 de julho, às 09h30, no Tribunal de São João Novo. Em fevereiro, César Boaventura foi condenado de forma cumulativa a três anos e quatro meses de prisão, com execução suspensa, por três crimes de corrupção ativa no futebol.
O tribunal de Matosinhos deu como provado o aliciamento aos ex-jogadores do Rio Ave Cássio, Marcelo e Lionn para que facilitassem num desafio com o Benfica, na temporada 2015/16, a troco de contrapartidas financeiras e contratuais, mas ilibou o empresário do crime de corrupção em forma tentada ao antigo guarda-redes do Marítimo Romain Salin.