O cancro do pâncreas é um dos mais agressivos e silenciosos, frequentemente diagnosticado em estádios avançados devido à ausência de sintomas específicos nas fases iniciais.

Para os que não sabem, o pâncreas é um órgão localizado atrás do estômago, responsável pela produção de enzimas digestivas e hormonas, como a insulina. O cancro do pâncreas ocorre quando células anormais se desenvolvem neste órgão, podendo formar tumores que afetam o seu funcionamento.

Por isso mesmo, a deteção precoce do cancro do pâncreas é vital para aumentar as possibilidades de tratamento eficaz e aumentar a sobrevida. De acordo com a American Cancer Society, a taxa de sobrevida a cinco anos para casos diagnosticados precocemente é significativamente maior do que para aqueles diagnosticados em estádios avançados.

Embora seja muitas vezes assintomático nas fases iniciais, alguns sinais podem indicar a presença da doença, como sejam a dor abdominal que pode irradiar para as costas, a perda de peso inexplicável, a icterícia, com a pele e os olhos amarelados, a perda de apetite e a digestão difícil, ou os diabetes de início recente sem causa aparente.

Alguns fatores aumentam o risco, desde uma história familiar da doença, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo, a existência de diabetes de longa data e a pancreatite crónica.

Para a prevenção e a deteção precoce, é essencial manter um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes e fibras, assim como a prática regular de exercício físico, que podem ajudar a reduzir o risco. Por outro lado, deixar de fumar é uma das medidas mais eficazes para reduzir o risco de várias formas de cancro, incluindo o do pâncreas.

Deve também consultar regularmente o seu médico, com check-ups regulares e a comunicação de qualquer sintoma suspeito. Finalmente, deve conhecer o histórico familiar, informar-se sobre casos na família e discutir com o seu médico a necessidade de exames de deteção precoce.

Os avanços na medicina têm proporcionado novas esperanças. Estudos recentes apontam para a eficácia de métodos de imagem avançada e testes genéticos na identificação precoce de alterações suspeitas no pâncreas. Estão também em curso várias linhas de investigação em biomarcadores com o objetivo de desenvolver exames de sangue que possam detetar a doença numa fase inicial.

Partilho uma experiência marcante, numa das minhas consultas de patologia pancreática, de um doente com queixas específicas de dor abdominal e perda de peso. Além disso, existia uma história de diagnóstico recente de diabetes.

Apesar dos sintomas vagos, decidimos avançar com exames detalhados. Através de uma tomografia computorizada, identificámos um pequeno tumor no pâncreas. A deteção precoce permitiu uma intervenção cirúrgica rápida e aumentou significativamente a expectativa de vida do doente. Este caso sublinha a importância de estarmos atentos aos sinais do nosso corpo e procurarmos ajuda médica atempada.

A luta contra o cancro do pâncreas começa com a informação e a vigilância. Ao estarmos atentos aos sinais e sintomas e ao adotarmos um estilo de vida saudável, aumentamos as nossas possibilidades de deteção precoce e, consequentemente, de tratamento eficaz. Nunca nos podemos esquecer da importância da prevenção e da consulta médica regular para a manutenção da nossa saúde.