As catástrofes climáticas afetaram uma parte significativa da economia de África e 77% do comércio africano, segundo o Relatório sobre o Comércio em África de 2024, apresentado hoje em Nassau pelo Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank).

O documento, que tem como subtítulo ”Implicações climáticas da aplicação da Zona de Comércio Livre Continental Africana [AfCFTA, na sigla em inglês]”, alerta para as “ameaças significativas que as alterações climáticas” representam.

Elaborado pelo economista chefe do Afreximbank, Yemi Kale, o documento alinha-se com um estudo técnico mais alargado sobre “As implicações da descarbonização sobre os Imperativos de Desenvolvimento de África: Revisão das vias e do papel da AfCFTA”, encomendado pelo Afreximbank em 2023, o qual sugere que uma descarbonização abrupta poderia afetar ainda mais o PIB e as exportações de mercadorias de África em 1% e 14,6%, respetivamente.

O estudo foi apresentado hoje em Nassau, no primeiro dia de trabalhos das Reuniões Anuais do Afreximbank, que decorre até à próxima sexta-feira, paralelamente ao 3.º Fórum de Comércio e Investimento Afro-Caribenho (ACTIF2024).

O documento destaca que, “embora as alterações climáticas tenham tido um impacto devastador nos países africanos, as emissões de carbono do continente são, ironicamente, as mais baixas do mundo”.

“Num continente em que a maioria das economias depende dos produtos de base e dos recursos naturais, a forma de descarbonizar sem comprometer o desenvolvimento económico da região continua a ser uma questão fundamental”, alerta.

O acordo de livre comércio em África, aprovado em 2019, entrou em vigor no princípio de 2021 e abrange um mercado com mais de 1.300 milhões de consumidores.

O tratado, que elimina os direitos aduaneiros sobre 97% das mercadorias comercializadas entre países africanos, liberaliza o comércio de serviços e melhora as infraestruturas de regulação e comércio, tendo 54 dos 55 Estados membros da União Africana já assinado o acordo de constituição da AfCFTA.

Apenas a Eritreia continua de fora.

Mais de 3 mil delegados, incluindo chefes de Estado e de Governo de África e Caraíbas, iniciaram hoje, em Nassau, as Reuniões Anuais do Afreximbank (AAAm2024) e o 3.º Fórum de Comércio e Investimento Afro-Caribenho (ACTIF2024). Os dois eventos decorrem sob o tema “Donos do Nosso Destino: Prosperidade Económica na Plataforma da África Global” e terão painéis de debate centrados na definição de soluções para os desafios que afetam as economias da África e das Caraíbas.

A organização anunciou que pretende concluir mais de 25 acordos de investimento no que será um primeiro passo para a criação de um Acordo de Comércio Livre Afro-Caribenho.