Jordan Bardella, dirigente da União Nacional, partido de extrema-direita em França, afirmou que tem como prioridade restaurar a ordem e a segurança caso vença as eleições legislativas. Em entrevista à estação de rádio RTL, o vencedor das eleições europeias de domingo em França, como cabeça de lista da União Nacional, disse que o partido está “pronto para governar”.
Bardella afirmou que o partido preparou “há meses” vários projetos de lei sublinhando que pode haver intervenção nos assuntos respeitantes ao “poder de compra, imigração e segurança”. Mesmo assim, acrescentou que as condições de um eventual governo da União Nacional podem complicar-se porque Emmanuel Macron “vai permanecer” como chefe de Estado.
No plano económico, Bardella disse que “a situação económica é complicada”, frisando que se regista “uma dívida” com níveis máximos. Por esta razão, mostrou-se cauteloso quando questionado se iria anular a reforma das pensões adotada no ano passado por Macron e que atrasa a idade mínima de reforma de 62 para os 64 anos de idade.
Uma das suas principais medidas “a favor do poder de compra”, uma das principais preocupações dos franceses, segundo as sondagens, é anular o aumento de 11% do gás para os consumidores privados, previsto para entrar em vigor no dia 1 de julho.
Além de confirmar a intenção de proceder à anulação, o dirigente político reafirmou que pretende baixar o IVA de 20% para uma taxa de 5,5% para a eletricidade, gás e gasóleo e “sair das regras europeias sobre tarifas da eletricidade”.
A este respeito, a intenção do partido liderado por Marine Le Pen é criar um sistema de preços baseado nos custos de produção apenas em França, com a intenção declarada de que os consumidores franceses beneficiem dos investimentos efetuados nas centrais nucleares, que fornecem cerca de 70% da energia do país.
Para ganhar as eleições de 30 de junho e 7 de julho (o sistema eleitoral prevê a realização de duas voltas), a União Nacional está a procurar apoio externo. Bardella e Le Pen iniciaram contactos hoje com Marion Maréchal, sobrinha da líder da União Nacional e candidata às eleições europeias pelo partido Reconquista, um partido considerado ainda mais extremista.
Também foram estabelecidos contactos com membros dos Republicanos (LR), o partido da direita clássica, embora Bardella não tenha divulgado nomes.
Nas eleições europeias de domingo, a lista encabeçada por Bardella obteve a vitória, com 31,37% dos votos, mais do dobro dos votos obtidos pelo partido de Macron (14,6%). Em terceiro lugar ficou o Partido Socialista (PS) com 13,83%, seguido de La France Insoumise (LFI, 9,89%), LR (7,25%), Os Verdes (5,50%) e o Reconquista com 5,47%.