O Partido Social-Democrata alemão (SPD) excluiu a possibilidade de antecipação de eleições legislativas, após a derrota nas eleições europeias de domingo, nas quais o principal partido do atual governo foi relegado para o terceiro lugar.
O SPD, em cuja campanha o chanceler Olaf Scholz esteve pessoalmente envolvido, somou 13,9%, o seu pior resultado de sempre numa eleição nacional e longe dos 30% alcançados pelo bloco conservador, liderado pela CDU, no domingo. O partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou no segundo posto, com 15,9%.
Pedidas pela extrema-direita e pelos principais conservadores, as eleições antecipadas não foram consideradas “em momento algum, nem por um segundo”, disse Steffen Hebestreit, o porta-voz do chanceler Olaf Scholz, apesar de um resultado “insatisfatório” para os três partidos da coligação governamental, composta pelos sociais-democratas da chancelaria, os Verdes e os Liberais.
Os Verdes perderem quase metade dos votos, para 11,9%, e os Liberais ficaram com 5,2% dos votos, de acordo com a contagem final.
“Os números não mentem e o governo federal tem de fazer muito melhor”, disse Achim Post, vice-líder do grupo parlamentar do SPD, à emissora pública WDR5. “Não estamos nada satisfeitos e temos de garantir que voltamos ao topo”, afirmou, rejeitando qualquer paralelo com a França.
Post excluiu que a liderança de Scholz esteja em causa, colocando-o mesmo como candidato novamente nas próximas eleições gerais na Alemanha, previstas para 2025.
A taxa de participação nas eleições europeias na Alemanha foi de 64,8%, um número sem precedentes desde a reunificação.
O líder da União Democrata-Cristã (CDU), Friedrich Merz, sublinhou domingo estar “orgulhoso” e “grato” com as projeções que davam aos conservadores a vitória.
“Em conjunto com Ursula von der Leyen, a CDU e a CSU (partido-irmão da CDU na Baviera) ganharam as eleições europeias na Alemanha de forma clara”, afirmou.
“O resultado das eleições deixa-me muito orgulhoso e muito grato”, frisou, entre aplausos, acrescentando que estes resultados, que mostram uma queda dos três partidos que formam a coligação “semáforo” que governa o país, devem servir de lição para o futuro.
“Isto foi um desastre para os partidos da coligação, o Partido Social-Democrata (SPD), os Verdes e os Liberais do FDP. Devem agora pensar no futuro e corrigir e mudar as suas políticas”, apontou.
Ursula von der Leyen, Spitzenkandidat (candidata principal) da CDU e do PPE, falou a partir de Bruxelas, sublinhando o excelente resultado da união dos conservadores, que estiveram “fortes e estáveis em tempos difíceis”.
Cerca de 361 milhões de eleitores dos 27 países da União Europeia (UE) foram chamados a escolher a composição do próximo Parlamento Europeu, elegendo 720 eurodeputados, mais 15 que na legislatura anterior.
A Portugal cabem 21 lugares no hemiciclo europeu.