Se há hoje matéria fraturante aos olhos de portugueses, europeus e restantes ocidentais é a da emigração.
Nesta, como na esmagadora maioria, o fácil e mais primário maniqueísmo leva-nos a uma dupla – e perigosa – demagogia.
De um lado a direita – extrema ou radical – dos “muros à entrada”, da pureza e do orgulhosamente sós, com as suas mascaradas preocupações sociais, onde, na realidade, se escondem profundos sentimentos de intolerância e indignidade para com o seu semelhante.
E, de outro, a hipocrisia de uma esquerda, infelizmente cada vez mais extrema, das portas escancaradas sem qualquer lógica, preocupação ou necessidade, a não ser o profundo viés ideológico com que simplisticamente trata todas as matérias.
Não seria necessário, dado ser por demais evidente, que um histórico socialista (antigo diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações) como António Vitorino venha reconhecer o fracasso da extinção do SEF, e, consequente, operacionalização da AIMA, para que os portugueses – a olho nu – se apercebessem deste.
O típico caos socialista foi, neste caso concreto, levado ao extremo.
Num quadro de portas escancaradas, não para Portugal, mas, sim, para os verdadeiros destinos deste desregulado fenómeno, os países do centro da Europa, e, em simultâneo com uma depreciação gritante da condição dos profissionais das forças e serviços de segurança, que – diariamente – cumprem, com enorme zelo, as suas novas (mas também velhas) funções, apenas conduziram a um caldeirão (à beira da erupção) onde germinam organizações de tráfico de seres humanos e aumenta (dada as extremas carências e óbvias dificuldades de adaptação) o sentimento de insegurança nas principais cidades do País.
Num país, como recentemente noticiado, que viu duplicar (e ainda bem), nos últimos 20 anos, o número de pessoas com mais de 80 anos de idade, com uma inexistência absoluta de verdadeiras políticas de natalidade (nada sexy para a esquerda egoísta e “woke)”, e, com tardias terciarização da economia e escolarização generalizadas, só uma política regulada de atração de emigrantes (particularmente jovens) poderá equilibrar as coisas, a começar em vários setores da economia (como o Turismo) e a terminar na Segurança Social.
Falta, nesta discussão, o mais basilar dos sentimentos humanos.
Não o das grandes manifestações mediáticas da “bolha para a bolha” (ou seus protegidos), mas, sim, de verdadeiro humanismo a uma esquerda que se diz herdeira de Mário Soares ou a uma direita que apregoa o mérito económico e social da Alemanha e da sua Chanceler Merkel.
Porque embora pareçam mais fáceis e imediatos, os extremismos (mais ou menos declarados) nunca levaram a Humanidade a bom porto.