A cabeça de lista do PS às eleições europeias defendeu hoje que fechar fronteiras não resolve o problema das migrações, acreditando que não há barreiras que impeçam “as pessoas em risco” de procurarem melhores condições de vida.

“Fechar fronteiras não funciona. Não há nada, nem muros, nem fronteiras fechadas que impeçam as pessoas que estão em risco de vida, ou pelo menos em risco de não ter uma vida digna, de poderem procurar melhores condições”, destacou Marta Temido.

A candidata a eurodeputada falava aos jornalistas na Feira da Senhora da Hora, em Matosinhos, o local onde foi recebida da forma mais calorosa nestes primeiros seis dias de campanha.

Nesta ocasião, a antiga ministra da Saúde aludiu à questão dos fluxos migratórios, alertando para “o risco” que é o Chega poder vir a alinhar-se, no Parlamento Europeu, com famílias políticas que têm uma perspetiva “de afastamento, coerção e desrespeito pelos direitos humanos”.

“O que nós dizemos é que queremos das migrações uma perspetiva solidária, realista, pragmática. Nós sabemos que é preciso combinar a necessidade de reforço de mão-de-obra que a Europa e Portugal têm”, apontou.

Marta Temido recordou que quando o PS chegou ao Governo, a taxa de desemprego rondava os 12% em Portugal, cifrando-se hoje em 6%.

“Apesar de todas as chegadas de migrantes, nós continuamos com uma taxa de desemprego baixa. Apesar de ser sempre expectável ir mais depressa, ir mais longe, os salários subiram e, portanto, o que nós temos é uma necessidade de recorrer a mão-de-obra externa”, sustentou.

Segundo a candidata a eurodeputada, a própria Segurança Social é “muito sustentada” pelos descontos dos migrantes.

“Percebo a estratégia desses partidos: é utilizar os problemas como arma de divisão. Nós sabemos que há problemas em torno das migrações, reconhecemos isso com frontalidade e com franqueza, mas não utilizamos isso como tática política de pôr uns contra os outros”, disse.

Aos jornalistas, a antiga ministra da saúde frisou ainda que não é o PS que se apresenta aos portugueses numa coligação com um partido que é anti-europeísta e que quer fazer um referendo para abandonar a União Europeia.

“Toda a gente sabe quem apoia a AD tem dentro o Partido Popular Monárquico. Estão sempre a tentar pô-lo para trás das costas. Não gosto de ser agressiva, não é o meu estilo, mas as coisas são autoexplicativas”, concluiu.