Finalmente, a Assembleia da República já tem presidente. À quarta tentativa o deputado do PSD José Pedro Aguiar-Branco foi eleito com 160 votos, tendo o candidato apresentado pelo Chega, Rui Paulo Sousa, recebido 50 votos, tantos quantos os deputados do partido. Contaram-se ainda 18 em branco.
Concluída a eleição, o deputado do PCP António Filipe, convidado pelo PSD para presidir ao Parlamento na abertura da XVI Legislatura, deu por finalizada a missão e passou a pasta ao novo presidente.
Aguiar-Branco saudou os deputados e proferiu um discurso muito conciliador. Começou por pedir que “a bem da democracia”, não se volte a repetir o que foi visto na terça-feira no Parlamento. “Eu não desisto da democracia e não desistirei”, disse.
E sublinhou: “Acredito que para que a democracia representativa se possa impor é fundamental que a ação política dos protagonistas eleitos e a liderança pelo exemplo, sejam conduzidos de forma irrepreensível quanto ao sentido de serviço à causa pública”.
Para Aguiar-Branco, “se é verdade que o Regimento da Assembleia se aplica a 230 deputados, a lealdade do presidente da Assembleia da República aplica-se para com todos os 229 deputados”. Por uma razão simples, observou: “Se não somos capazes de nos entender na casa da democracia, que exemplo estamos a dar para fora? Porque, independentemente dos cenários e das hipóteses, independentemente do que lemos e ouvimos, os portugueses elegeram-nos para aqui estarmos durante quatro anos.”
O novo presidente do Parlamento disse ainda, num tom crítico: “Ouvimos falar mais de política do que das políticas, ouvimos mais análises e comentários sobre cenários, hipóteses do que sobre as políticas que aqui se discutem, que aqui se desenham e que se constroem. Esta Casa não é a casa dos cenários e dos comentários. É a casa das políticas que, no concreto, afetam os portugueses”. e sublinhou: “O trabalho parlamentar não tem que ser espetacularidade. Nem tem de ser transformado em programa televisivo”.
Terminou o primeiro discurso como presidente do Parlamento com palavras “emprestadas” do antigo dirigente do PSD, do Porto, Miguel Veiga: “A democracia é de uma magnífica fragilidade. Cuidemos dela com a devoção que a sua magnificência e fragilidade exigem”.