A Federação Nacional da Educação (FNE) enviou hoje um ofício ao Ministério da Educação a pedir o cancelamento das provas de aferição e exames do 9.º ano em formato digital.
Para a FNE, a realização das provas de aferição para os alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos “coloca em risco a estabilidade” do sistema educativo, tendo em conta “diversos constrangimentos” que afetam tanto alunos como professores.
Além da falta de computadores, de apoio técnico e de problemas com a internet, há “prejuízos para alunos e professores ao nível do aumento do stresse e ansiedade, da desigualdade de oportunidades e da perda de tempo letivo”, defende a FNE em comunicado enviado hoje para as redações.
A posição da FNE vai no mesmo sentido de outras estruturas sindicais, como a Fenprof, ou dos representantes dos diretores escolares e encarregados de educação, que se têm manifestado preocupados com a falta de condições para a realização das provas digitais, apelando ao regresso das provas em papel.
“A FNE propõe então o cancelamento das provas de aferição em suporte informático e a sua realização em suporte de papel, de forma a garantir a igualdade de oportunidades para todos os alunos pois acreditamos que o cancelamento das provas de aferição em suporte informático é a medida mais sensata neste momento”, afirmam.
O aumento gradual de equipamentos avariados e o perigo de existirem alunos sem computadores para realizar as provas, que começam dentro de aproximadamente dois meses, levou o ministério da Educação a disponibilizar uma verba de 6,5 milhões de euros para adquirir novos computadores.
A medida foi aprovada na passada quinta-feira em reunião de Conselho de Ministros, mas os diretores escolares e professores consideram que a verba não chegará a tempo das provas, uma vez que as escolas têm de obedecer a um conjunto de procedimentos prévios relacionado com as normas de contabilidade pública.
Nos últimos meses, têm sido constantes os alertas para a falta de condições para realizar as provas em formato digital: Além de milhares de equipamentos estragados, há problemas de rede de Internet em muitas escolas e faltam técnicos informáticos.
Invariavelmente, são os professores de informática quem acaba por dar apoio e resolver os problemas, mas estes docentes anunciaram que vão entrar em greve à manutenção de equipamento e ao apoio técnico durante as provas digitais.
Também a Fenprof voltou a defender esta semana que a realização de provas nacionais em meio digital é um fator acrescido de aprofundamento de desigualdades entre alunos: “Alguns lidam diariamente com o meio digital e outros pertencem a famílias que não têm condições económicas para adquirir computador ou ligação forte e segura à rede de Internet”.
As provas de aferição, destinadas aos alunos dos 2.º, 5.º e 8.º anos, começam em maio e, no mês seguinte, arrancam os exames nacionais para os estudantes do 9.º ano.
O ministério da Educação decidiu levar a cabo um projeto de desmaterialização das provas e exames nacionais, tendo começado de forma gradual com as provas de aferição.
Este ano, o projeto abrange as provas de aferição e exames nacionais do 9.º e, no próximo ano, deveria ser a vez dos alunos do 11.º e 12.º anos realizarem também os exames nacionais, que servem de acesso ao ensino superior, em formato digital.