A REN divulgou recentemente dados animadores sobre o consumo de energia elétrica em Portugal em 2023, com a produção renovável a atingir patamares recordes. Acredito que mereça ser feito um destaque para as evidências positivas de como estes dados refletem, em última instância, o esforço de todos nós – pessoas, empresas e governos – para um mundo mais verde.
Em primeiro lugar, salientar que estes números refletem o facto de estarmos a produzir cada vez mais energia a partir de fontes renováveis. Este aumento na produção é crucial para se enfrentar os desafios ambientais globais, representando um passo significativo na transição para uma matriz energética mais sustentável. A aposta em fontes como a solar, a eólica e a hidroelétrica demonstra o compromisso de Portugal com a preservação do meio ambiente e a mitigação das mudanças climáticas.
Em segundo lugar, uma consequência direta do aumento na produção de energia renovável é a significativa diminuição das emissões de dióxido de carbono (CO2). A redução das emissões é um verdadeiro imperativo para combater as alterações climáticas e para minimizar os impactos negativos no nosso planeta. A utilização crescente de fontes limpas fortalece a posição de Portugal no cenário internacional como um país comprometido com a sustentabilidade ambiental. É, portanto, um caminho a manter.
Além disso, a notícia recente evidencia também a importância de sermos energeticamente independentes. A diversificação das fontes de energia contribui não apenas para a segurança do abastecimento, mas também para a redução da dependência de recursos não renováveis e, muitas vezes, importados. A autonomia energética é crucial para garantir a estabilidade do país face às possíveis flutuações nos mercados internacionais de energia. Estamos neste caminho e a independência traz-nos segurança social e económica.
No entanto, é essencial compreendermos que, embora a notícia do aumento da produção renovável seja positiva, o mercado de energia continua a ser marginalista, onde o preço do kWh é muitas vezes ditado pela tecnologia mais onerosa. A transição para energias renováveis exige investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia. Ainda assim, é necessário superar o desafio de tornar a produção de energia sustentável economicamente viável, promovendo políticas que incentivem a competitividade e a eficiência no setor.
E, é nesse contexto que me arrisco a dizer que a mobilidade elétrica desempenha um papel fundamental. A instalação de painéis solares para autoconsumo, embora uma realidade posterior à aquisição de veículos elétricos, pode ser parte integrante do processo de transição. A mobilidade elétrica não só representa uma alternativa ao transporte convencional mais amiga do ambiente, mas também está intrinsecamente ligada à produção e ao consumo de energia. A interconexão entre a mobilidade elétrica e a produção renovável é evidente, beneficiando não apenas os proprietários de carros elétricos, mas toda a sociedade, uma vez que contribui para a diminuição do preço da energia.
Para maximizarmos os benefícios da mobilidade elétrica é fundamental a regulamentação e a expansão da infraestrutura de carregamento. A inclusão e regulamentação de postos de carregamento são passos essenciais para garantir uma transição suave para a mobilidade elétrica, garantindo também a confiança dos utilizadores para essa transição. As comunidades de energia emergem como uma peça-chave no quebra-cabeça da independência energética, permitindo que os cidadãos participem ativamente na produção, distribuição e partilha de energia renovável.
Há efetivamente um progresso notável rumo a uma matriz energética mais sustentável e independente. Contudo, devemos continuar a olhar com atenção e minúcia para esforços necessários na superação dos desafios económicos, expansão da mobilidade elétrica e estabelecimento de regulamentações que promovam a inclusão e a eficiência no setor energético. São as ações coordenadas, e abordagens abrangentes, que permitem a consolidação dos ganhos alcançados, e que pavimentam o caminho para um futuro energético mais verde e resiliente.