O porta-voz do Livre desafiou as lideranças do PSD a decidirem se “foram obrigadas a fazer o que fizeram” durante o período da ‘troika’ ou “se tiveram orgulho” e salientou que à esquerda “as pessoas sabem no que acreditar”.

“O PSD e as lideranças históricas do PSD têm de decidir afinal o que é que querem. Se é dizer que foram obrigadas a fazer o que tiveram de fazer durante a ‘troika’ ou se têm orgulho no que fizeram durante a ‘troika’, se quiseram ir além da ‘troika’”, desafiou Rui Tavares.

O cabeça-de-lista por Lisboa e deputado único do Livre falava este sábado aos jornalistas numa ação de campanha em Algés, no concelho de Oeiras, após ser questionado sobre as declarações do antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, que defendeu na sexta-feira à noite que o PSD e o CDS-PP não têm de pedir desculpa, mas ter orgulho no que fizeram no Governo “com sentido patriótico” no período da “troika”, entre 2011 e 2014.

Acompanhado pelo conselheiro de Estado e antigo candidato presidencial em 2016, António Sampaio da Nóvoa, que hoje participou nesta ação de campanha, Rui Tavares salientou que “as pessoas olhando à esquerda sabem em que é que podem acreditar”.

“Uma esquerda que é crítica da austeridade que foi muito mal imposta pela União Europeia nessa altura”, recordou.

Tavares recuou a esse período para deixar críticas à governação PSD/CDS e afirmou que “entre 2011 e 2015 a direita dizia que o principal problema de Portugal eram os salários demasiado altos”.

“Na altura, a insistência era que a nossa vantagem comparativa era vender mais barato o trabalhador português. E quem dizia que não, que era preciso valorizar as pessoas, conhecimento e território, na altura, era bastante mal-tratado”, criticou.

O historiador apontou ainda que, durante o período no qual foi eurodeputado (entre 2009 e 2014), recebeu “diplomatas de outros países da União Europeia preocupados por o Tribunal Constitucional ser uma força de bloqueio”, salientando que “quem lhes dizia isso era o próprio governo português” – na altura liderado por Pedro Passos Coelho.

“Quando falamos desta necessidade de ter bem firme e bem juntos os nossos contratos democrático, social e ambiental, é disto que estamos a falar. Ainda há poucos anos a direita andava a contribuir para deslaçar este contrato”, frisou.