As famílias dos reféns feitos a 07 de outubro pelo movimento islamita palestiniano Hamas durante o ataque a território israelita iniciaram esta quaarta-feira uma marcha de quatro dias para exigir a sua libertação.
A marcha, que começou no kibutz Reim, onde ocorreu o violento ataque do grupo armado palestiniano durante o festival Nova, dirige-se para Jerusalém, segundo o diário The Times of Israel.
“No final do percurso, não vamos encontrar-nos com Eli, nem com Yossi, nem com a família de Eli, que foram todos assassinados”, disse Matalon, cunhado dos reféns Eli Sharabi e Yossi Sharabi – embora este último tenha morrido em cativeiro.
“Recordamos os dias que toda a família passava aqui. Dias de piquenique, dias de alegria, dias de amor pela natureza e pelos outros. Dias em que não acordávamos tristes todas as manhãs”, acrescentou.
Yuli Ben Ami, filha de Raz Ben Ami – que foi libertada – e de Ohad Ben Ami, que continua refém, agradeceu aos manifestantes, às forças de segurança e à equipa do Fórum de Reféns e Familiares Desaparecidos, que organizou a marcha, explicou que a mãe foi libertada ao fim de 54 dias de cativeiro.
Está previsto que a marcha atravesse muitas cidades no trajeto até Jerusalém, para pedir à população que se junte ao longo do caminho.
Entre os participantes, encontra-se Sharon Alony Cunio, libertada depois de ter sido mantida em cativeiro na Faixa de Gaza com as duas filhas gémeas de três anos. O marido, David Cunio, continua refém do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
“Não pude marchar da última vez”, observou, afirmando que “desta vez, o faz pelo marido e por todos os reféns”.
“É um momento importante”, sublinhou.
A 07 de outubro, combatentes do Hamas – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 145.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 30.000 mortos, mais de 70.000 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.