“A tua gravata é laranja! Tu ainda és PSD!”; “E tu, ministro trapalhadas, candidato amnésia! Frouxo!”

É isto que fica de um debate entre duas das três forças políticas mais votadas do país. Lamento, mas a política em Portugal deixou de ser um circo para ser um recreio infantil. Temos a miúda que vai buscar a avó, outra que defende as meninas da creche porque num dos grupos de rapazes há um que é tonto e já o colocaram ao canto; temos aqueles que são muito semelhantes mas fazem de conta que não, porque um já foi deputado na Europa e outro quer ainda ser alguma coisa; o reguila anda aos gritos com todos e é o valentão lá do sítio, mas de vez em quando leva umas patadas de quem menos espera.

O que os debates têm sobretudo mostrado é que o candidato que tinha à sua volta uma aura de fazedor e serenidade alimentada pela comunicação social e vendida pelo PS, Pedro Nuno, é incapaz, incompetente e não faz ideia, verdadeiramente, dos problemas do país. Depois há um pequenino que se acha, dando a ideia de que a direita é canibal, porque não se vende, como ele, a qualquer lugar que a esquerda unida lhe possa conferir: Rui Tavares. A forma como se atira para um governo de esquerda chega a ser confrangedora.

Já Montenegro tem sido uma surpresa positiva: construtivo, sereno, começa a deixar passar uma ideia de confiança que não existia quando isto começou. Mortágua e Raimundo são mais do mesmo, com propostas totalmente demagógicas de fundo soviético, odeiam um Chega que continua a vender a ideia de ser antissistema mas faz tudo para lhe pertencer, como se vê na tentativa de fazer alianças pós-eleitorais nos Açores. Um recreio infantil, portanto.

Professora universitária

Artigo publicado na edição do NOVO de sábado, dia 17 de fevereiro