Metade dos portugueses que desejam comprar casa procuram-na por preços entre os 100 mil e os 200 mil euros, sendo o valor médio que acaba por ser absorvido de 190 mil euros. Esta é uma das conclusões reveladas pelo estudo da mediadora Century 21 Portugal, que aponta, no que respeita ao arrendamento, que 55% dos inquiridos estão dispostos a pagar até 500 euros, sendo os 589 euros a renda média absorvida.

“Este estudo analisou as motivações, as preferências e o comportamento dos portugueses naquilo que é a compra e venda das suas casas ou arrendamento no período entre 2018 e 2024. Estávamos à espera de alterações mais disruptivas, algo que não veio a verificar-se”, refere ao NOVO Ricardo Sousa, diretor da Century 21 Portugal e Espanha.

Outro dos dados que “não param de surpreender” é a cultura de proprietário, já que, tanto para quem procura como para quem oferece, 92,3% dos inquiridos preferem viver em casa própria, embora 65,3% o façam atualmente.

“De 2018 até agora continua a existir uma evolução não só das pessoas que vivem na sua propriedade, mas daquelas que preferem viver nas suas propriedades”, afirma o diretor da mediadora imobiliária.

Além de darem primazia a viver numa habitação própria, os portugueses mantém uma tendência de conservadorismo na localização geográfica, com 73% a quererem ficar na mesma cidade e 95% a terem como prioridade a segurança da zona onde residem.

No entanto, e face ao aumento do preço das casas, Ricardo Sousa salienta que “dentro da cidade houve uma consciencialização do custo que é viver no centro e há uma clara preferência, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa, pelas zonas periféricas ou subúrbios”.

Preço leva a desistências

Se, em 2018, a principal razão dos portugueses para não avançarem para a compra ou arrendamento de casa se prendia com o facto de não encontrarem o imóvel desejado (42%), atualmente, 55% dos inquiridos apontam como fator diferencial a questão do preço.

Outra das razões que levam 23% dos portugueses a desistir da compra ou arrendamento de uma casa é o momento da vida que atravessam, que os faz concluir que não é a melhor altura para avançar neste processo, enquanto 18% assumem não terem encontrado a habitação que pretendem.

Em sentido inverso, 19% dos portugueses decidem colocar a sua casa para venda ou arrendamento porque precisam de dinheiro. Percentagem idêntica assume que toma esta decisão pelo facto de querer mudar para uma zona ou casa melhor, revelando 16% precisar de liquidez para fazer um investimento.

Em relação ao que leva os portugueses a procurarem casa, 21% assumem querer ser independentes, 14% por casamento/união de facto, e 13% pretendem mudar para uma casa melhor.

Em termos de género, são as mulheres (63%) quem mais procura casa em Portugal, pertencendo a maior fatia à faixa etária entre os 30 e 39 anos (32%). Já 59% dos inquiridos que procuram habitação são famílias de duas ou três pessoas e 73% querem ficar na mesma cidade.

Transportando a realidade do mercado de habitação para a Área Metropolitana de Lisboa (AML), 51,2% dos inquiridos no estudo da Century 21 Portugal desistem de comprar ou arrendar casa por questões financeiras, 28% indicam que este não é o momento certo para darem esse passo e 21 % não encontram a habitação que procuravam.

Entre as razões que levam os inquiridos a colocarem a sua habitação para vender ou arrendar, a necessidade de dinheiro é apontada por 27%, enquanto 18% precisam de liquidez para fazer um investimento e 12% vão mudar para uma casa ou zona melhor.

Na Área Metropolitana de Lisboa, 20% dos inquiridos procuram comprar casa por motivos de independência, 17% pretendem mudar para uma casa melhor e 14 % querem sair do mercado de arrendamento.

Questionados sobre quanto dinheiro estão dispostos a investir na compra de uma casa, 50% procuram uma habitação com valores entre 100 mil e 200 mil euros, sendo 216.466 euros o preço médio absorvido. Já no mercado de arrendamento, 31% querem uma renda até aos 500 euros, sendo 666 euros o valor médio absorvido.

Tal como acontece em Portugal, também na Área Metropolitana de Lisboa o sexo feminino (68%) é quem mais procura casa, e dentro da mesma faixa etária, entre os 30 e os 39 anos (32%), tal como o agregado familiar de duas ou três pessoas (58%), pretendendo 72% ficar na mesma cidade.

Este estudo foi realizado a mil indivíduos residentes em Portugal com idade igual ou superior a 18 anos que venderam, arrendaram ou procuraram casa nos últimos 12 meses ou que tencionam fazê-lo nos próximos 12 meses.

Artigo publicado na edição do NOVO de 10 de fevereiro