João Gomes Cravinho garantiu hoje em Kiev que a estratégia portuguesa de apoio às autoridades ucranianas face à invasão russa não se alterou, nem prevê mudanças após as eleições legislativas em Portugal.

Falando aos jornalistas no início de uma visita de dois dias à Ucrânia, o ministro dos Negócios Estrangeiros relacionou o significado desta deslocação, numa fase em que a Rússia parece ter a iniciativa nas frentes de guerra e de dificuldades dos aliados na ajuda a Kiev, com as características de longo prazo deste conflito.

“É muito importante mantermo-nos unidos e solidários com a Ucrânia. Há momentos melhores, há momentos piores. O fundamental é que, se a Rússia tiver ganho o que está em causa, vai haver instabilidade em todo o continente europeu por décadas”, declarou.

Nesse sentido, o chefe da diplomacia portuguesa assegurou que a estratégia de fundo de Portugal “continua exatamente igual, que é apoiar a Ucrânia até que consiga os seus objetivos”, ou seja “expulsar os invasores russos e, nisso, nada mudou”.

Instado a comentar uma eventual mudança na linha de apoio às autoridades de Kiev em resultado das eleições legislativas em março, João Gomes Cravinho recordou que Portugal mantém “uma tradição de grande continuidade em política externa, sobretudo nas questões essenciais”, salientando ser este o caso não só na perspetiva portuguesa, mas também da União Europeia, e igualmente fulcral para a estabilidade mundial.

“Portanto, não antecipo nenhuma mudança, qualquer que seja o resultado das eleições em Portugal”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

O governante não fez qualquer novo anúncio na prestação de apoio de Portugal à Ucrânia, remetendo os jornalistas para “assuntos mais específicos” durante a sua agenda de hoje, em conjunto com o ministro da Educação, João Costa, no III Fórum de Reconstrução de Jitomir, região situada a cerca de 150 km a oeste da capital ucraniana.

Aos jornalistas, João Costa assinalou que as autoridades regionais de Jitomir pediram a Portugal apoio na reconstrução de escolas, em particular o estabelecimento de ensino de referência, o Liceu 25, que foi destruído num raide aéreo russo nos primeiros dias da invasão da Ucrânia, iniciada há quase dois anos, em 24 de fevereiro de 2022.

“Nós trazemos já o plano funcional para a escola”, disse o ministro da Educação, referindo que ao longo desta visita serão apresentadas às autoridades ucranianas as bases desse projeto para depois se iniciarem as fases de reconstrução.

João Costa destacou ainda que, além da recuperação de infraestruturas, no quadro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal está também a participar no “redesenho de toda a dimensão curricular”, com vista a apoiar os alunos que vivem “uma situação inusitada daquilo que são as condições de aprendizagem”.