O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, apresentou esta segunda-feira a demissão ao representante da República da região. Essa demissão foi aceite, mas “não produz efeitos imediatos”, explicou Ireneu Barreto, em declarações aos jornalistas no Palácio de São Lourenço, no Funchal.
“Vim aqui apresentar a minha demissão do cargo de presidente do governo, essa demissão foi aceite e, depois, o senhor representante irá anunciar, em altura própria, quando é que produz efeitos”, anunciou Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido por suspeitas de corrupção, numa investigação que levou à detenção do agora ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e de dois empresários.
Ao lado de Miguel Albuquerque, o representante da República explicou que a data da queda do governo fica assim em aberto, podendo acontecer só depois da aprovação do orçamento regional, que está agendada para os primeiros dias de fevereiro (6 e 9).
“Para já, a demissão não tem efeitos imediatos. Estou a ponderar com o presidente do governo qual a melhor altura em que essa demissão produz efeitos”, repetiu Ireneu Barreto, dizendo apenas que iniciará um processo de auscultação dos partidos assim que o governo cair. “Ouço os partidos quando o governo estiver demitido. Aceitei a demissão, mas ainda não demiti”, reforçou, sublinhando que a data “está em aberto”. “Quando houver um governo de gestão, iniciarei o processo de ouvir os partidos tendo em vista a eventual nomeação de um governo ou não”, acrescentou, assinalando que Miguel Albuquerque não lhe comunicou nenhum nome para o substituir.
De resto, essa discussão fica, para já, adiada, tendo sido desconvocada a reunião da Comissão Política Regional do PSD que iria discutir o nome que iria assegurar a presidência do governo regional.
“Não estou agarrado, de maneira nenhuma, ao lugar”
O ainda presidente do Governo Regional da Madeira, por sua vez, defendeu que a região não pode ficar em gestão com duodécimos, acrescentando ser “fundamental analisar os interesses da região”. “Independentemente do jogo político, independentemente daquilo que são os interesses dos partidos — que são legítimos — e independentemente do ruído mediático, sou obrigado a ponderar, em consonância com o senhor representante, e depois tomaremos uma decisão” em prol das famílias e das empresas. “Não podemos ter uma situação de instabilidade económica e social que traga regressão para o desenvolvimento da região”, disse Albuquerque, garantindo que o seu desprendimento é “total”. “Não estou agarrado, de maneira nenhuma, ao lugar”, notou.
Miguel Albuquerque disse também que se vai manter como líder do PSD/Madeira até haver um congresso. “Vamos marcar um congresso, como é óbvio. Será analisado em data posterior, mas evidentemente que, não sendo presidente do governo, não me vou manter à frente do PSD. Mas temos de fazer as coisas com alguma calma.”
O líder do PSD/Madeira adiantou ainda que não vai ocupar o lugar de deputado na Assembleia Regional e que vai voltar à sua vida privada.