O presidente do PSD, Luís Montenegro, recusou este domingo “prometer tudo a todos”, como acusa o PS de estar a fazer a escassas semanas das eleições legislativas, e ironiza as propostas socialistas dizendo que “há petróleo no Largo do Rato”.

O líder social-democrata fez estas declarações no discurso de encerramento de um encontro da Aliança Democrática, na Mealhada, onde disse ainda que o PS tem vindo sempre “a reboque” do PSD “propor mais ou menos as mesmas coisas”, mas exagerando.

“A parte do exagero chega quando alguém tem a desfaçatez de vir anunciar, propor o fim do pagamento de taxas de portagem quando tinha a responsabilidade de executar uma decisão tomada no Parlamento, por iniciativa do PSD, de redução do pagamento e nem essa foi capaz de implementar”, atirou Montenegro. “É caso para dizer que há petróleo no Largo do Rato (sede do PS)”, disse, motivando risos na plateia. “De repente, é possível dar tudo a todos”, acrescentou.

Montenegro prosseguiu o discurso afirmando ter “muito respeito pelos representantes dos setores de atividade, das corporações profissionais” que aparecem com o seu caderno reivindicativo “legítimo”, mas rejeita “dar tudo a todos”.

“Quero aqui dizer olhos nos olhos dos portugueses, se aquilo que procuram é um primeiro-ministro que vai responder que ‘sim’ a todas as reivindicações agora que está a cinco ou seis semanas das eleições, eu não sou esse primeiro-ministro”, declarou o social-democrata, reforçando ainda: “Vou ser mesmo direto,  tenho todo o respeito pelos enfermeiros portugueses, pelos oficiais de justiça, pelos polícias, por aqueles que servem a causa pública nas forças e serviços de segurança, mas eu não vou mesmo, porque isso não é governar, assumir agora dar razão a todo o caderno reivindicativo destas pessoas. Peço muita desculpa, mas quem quiser governar assim o país, vai ter de escolher outra opção, porque nós não somos essa opção, da irresponsabilidade e da falta de credibilidade.”

Montenegro esclareceu de seguida que quer “melhorar as condições de trabalho” destes profissionais, e de outros, como por os exemplo, os bombeiros, e defendeu prémios de produtividade na administração pública para quem tenha melhor desempenho. Defendeu ainda querer que as carreiras na administração pública sejam “competitivas” para que possam “recrutar os melhores”.

“A administração pública que eu quero é esta, moderna, eficiente, que tem os melhores. Agora, a cinco/seis semanas das eleições, aqueles que andam a prometer tudo, a empenhar a sua palavra de hipotéticos governantes, dando razão a todos, e na plenitude daquilo que está a ser reivindicado, se é essa a experiência governativa que têm, então é melhor nunca mais a colocarem à disposição dos portugueses porque não serve coisa nenhuma”, reforçou o presidente do PSD.

O líder social-democrata acusou também o PS de Pedro Nuno Santos de “não ter credibilidade para governar o país”. “A equipa é a mesma, para cometer os mesmos erros, para fazer aquilo que não teve capacidade de fazer até agora quando teve todas as capacidades de o fazer, e o líder descobriu de repente que pensa tudo ao contrário daquilo que andou a fazer quando era membro do governo”, criticou, pedindo aos portugueses que “façam essa avaliação”.

Luís Montenegro terminou dizendo que é muitas vezes acusado de “não ser suficientemente aguerrido, ou se calhar, mais acusatório”. “Admito que quem me faz essa crítica possa estar frustrado porque queria maior combate, só que eu não sou candidato a combatente. Sou combatente e combativo, mas sou candidato a primeiro-ministro, estou mesmo preocupado sobre como é que vou executar aquilo que proponho ao país”.