O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, admitiu esta sexta-feira que o pico das infeções respiratórias “já terá passado”, salvaguardando que a situação tem de ser avaliada diariamente.

Questionado porque razão algumas urgências continuam a ter tempos de espera elevados, o responsável pela pasta da Saúde justificou que o país tem uma população muito idosa e que, muitas vezes, “as consequências das infeções respiratórias na descompensação de outras doenças crónicas de que as pessoas sofrem persistem durante algumas semanas a seguir à infeção”.

Confrontado ainda com o facto de a média de idades nos internamentos nos cuidados intensivos ser de 58 anos, Manuel Pizarro respondeu: “As unidades de cuidados intensivos são muito importantes mas não são o padrão do conjunto das doenças. Felizmente, só um pequeno grupo de pessoas é que precisa de recorrer aos UCI”.

O ministro respondia aos jornalistas em Lisboa, à margem das jornadas sobre doenças infeciosas, aproveitando estas declarações para agradecer aos profissionais o “trabalho incessante” que fazem nos hospitais e centros de saúde para atender os portugueses. “Uma das vantagens do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o seu funcionamento em rede, em que cada instituição tem de contribuir, por vezes, para aliviar a pressão que existe”, disse Pizarro, acrescentando não ser anormal que no período de inverno, onde há mais infeções respiratórias, aconteça uma maior pressão sobre o serviço de saúde. “Temos que lidar com ela com o esforço com que fazemos sempre.”

Manuel Pizarro quis ainda chamar a atenção para “a importância da vacinação” contra a gripe e contra a covid-19, lembrando que a campanha sazonal ainda decorre. O ministro sublinhou que os portugueses “continuam a perceber que as vacinas são um enorme fator de proteção para a sua saúde, para as suas famílias e para a comunidade onde vivem”. “Os portugueses são o povo da Europa que mais confia nas vacinas e é muito importante que continue a ser assim”, rematou.

Questionado também se está a ser equacionado alargar a vacina contra a gripe de dose mais elevada que é administrada aos idosos nos lares seja administrada a todos os portugueses com mais de 65 anos, como defendera por exemplo o pneumologista Filipe Froes em entrevista ao NOVO, Manuel Pizarro disse que “esta é uma boa ocasião para fazer a avaliação dos resultados” da estratégia aplicada nos últimos dois anos nas estruturas residenciais para idosos. “Admito que, em anos futuros (…), se possa generalizar a utilização dessa vacina com maior potência, se se revelar que aquilo que essa vacina custa a mais é compensado pelos bons resultados na saúde das pessoas”, afirmou.

Quanto à vacinação contra o sarampo em Portugal, tema que tem estado na ordem do dia devido aos casos detetados em Portugal, o ministro destacou a elevada taxa de cobertura e elogiou os pais portugueses que continuam a vacinar os bebés contra essa doença.

“O próprio facto de sabermos que aos 13 meses de idade [a primeira dose deve ser feita até um ano de idade] temos uma percentagem mais elevada de pessoas que não se vacinaram também mostra que os serviços de saúde procuram perceber essa informação para depois contactarem individualmente cada família para a vacinação. E é isso que temos que continuar a fazer”.

Manuel Pizarro reforçou que temos de chamar a atenção para o recrudescimento enorme de casos de sarampo nos países da União Europeia, nomeadamente naqueles onde a vacinação diminuiu. “O desejável era que não houvesse nenhum caso em Portugal, ainda assim, todos os casos identificados são de outros países. Isso resulta do facto de em Portugal mantermos níveis de vacinação muito elevados”, reforçou.