A Câmara Municipal de Lisboa já recebeu a informação sobre a manifestação “Contra a Islamização da Europa”, organizada por grupos ligados à extrema-direita para o dia 3 de fevereiro, mas a decisão de autorizar depende do parecer da polícia.
Em declarações à agência Lusa, fonte da autarquia confirmou a receção de informação sobre a manifestação “Contra a Islamização da Europa”, agendada para 3 de fevereiro, na zona do Martim Moniz, explicando que o processo será comunicado às “autoridades policiais”, inclusive à PSP e ao Ministério da Administração Interna, para emitirem parecer.
Sem adiantar quem apresentou a informação sobre a convocatória da manifestação “Contra a Islamização da Europa”, a mesma fonte disse que a câmara irá decidir sobre a autorização desta manifestação com base nos pareceres, referindo que este é o processo aplicado em todas as iniciativas no espaço público.
Questionada se, com a aprovação de um voto de repúdio à organização desta manifestação, se prevê a não autorização desta iniciativa, a autarquia não quis adiantar qualquer informação nesse sentido.
Fonte da direção nacional da PSP disse à Lusa que neste momento ainda está a ser feita a avaliação de risco da manifestação para ser dado o parecer à câmara.
Na quarta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, um voto de repúdio sobre a ação de rua convocada por um grupo neonazi junto ao Martim Moniz, condenando “toda e qualquer manifestação de caráter violento, racista ou xenófobo na cidade”.
Em causa está a organização de uma marcha extremista no Martim Moniz, sob o tema “Contra a Islamização da Europa”, agendada para 3 de fevereiro, que tem gerado preocupação entre a comunidade imigrante. Posteriormente, coletivos antirracistas decidiram preparar uma manifestação de “pessoas de todas as cores”, para o mesmo dia e zona.
Em paralelo, organizações antirracismo estão a promover uma carta aberta, denominada “Contra o racismo e a xenofobia, recusamos o silêncio”, onde pedem ao Presidente da República, ao Ministério Público e às autoridades policiais para “travar a saída desta manifestação”, por violar a lei.
Essa carta aberta já recolheu cerca de 6.500 subscritores para pedir a proibição da manifestação “Contra a Islamização da Europa”, em Lisboa.
Proposto pelos vereadores do Cidadãos Por Lisboa e do Bloco de Esquerda, o voto de repúdio sobre uma manifestação organizada por “movimentos de extrema-direita”, agendada para 3 de fevereiro, na zona do Martim Moniz, pretende “repudiar e condenar toda e qualquer manifestação de caráter violento, racista ou xenófobo na cidade de Lisboa, afirmando o seu caráter intercultural e a defesa intransigente de cidade aberta, sem muros nem ameias”.
Neste sentido, o executivo municipal decidiu articular com o Ministério da Administração Interna e com a PSP, para garantir a legalidade e a proteção de todas as pessoas que vivem e trabalham em Lisboa.
Além disso, o executivo municipal reafirmou o compromisso da Câmara de Lisboa “contra o racismo e a xenofobia”.
Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos”, que são os únicos com pelouros atribuídos, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa, um do Livre e um do Bloco de Esquerda.