Luís Montenegro quer reconciliar-se com os pensionistas, baixar os impostos e escolher “os melhores” para um eventual governo liderado pelo PSD. No encerramento da Convenção da Aliança Democrática, o líder do PSD recusou entrar em “aventuras” e defendeu que o governo socialista de António Costa foi “um dos mais incompetentes que tivemos em Portugal”.
Depois de criticar a maioria absoluta do PS e Pedro Nuno Santos, que saiu do governo por “incompetência”, Montenegro assumiu que “esta é a altura de nos reconciliarmos com os pensionistas e os reformados”. Admitindo que muitos ainda tenham “dúvidas e receios” em apostar na coligação, sem mencionar as medidas de austeridade do tempo da troika, porque não querer “discutir as razões pelas quais tal acontece”, Montenegro voltou a prometer “valorizar as pensões” e garantiu que será solidário com “o isolamento, a solidão e muitas vezes a pobreza das pessoas com mais idade”.
E reafirmou que irá aumentar o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos para 820 euros, numa primeira legislatura, e “igual ao Salário Mínimo Nacional” numa segunda legislatura. Montenegro prometeu ainda “um apoio de 100%” nos medicamentos para os idosos com doenças crónicas e em situações de comprovada insuficiência económica.
Montenegro não quer “enganar as pessoas”
O presidente do PSD aproveitou a Convenção da AD para anunciar algumas medidas do programa eleitoral para as legislativas. Aprovar, nos primeiros 60 dias de governo, um plano de emergência para a área da saúde é uma das propostas da nova AD com o objetivo de reduzir o prazo das consultas e melhorar os serviços nas urgências. Um voucher de consulta e de cirurgia “sempre que se atinja o tempo máximo de resposta garantida” é outras das ideias para enfrentar a crise na saúde.
Se chegar a primeiro-ministro, Montenegro garantiu também que, nos primeiros dois meses, quer fechar as negociações com os professores. O PSD já tinha prometido devolver em cinco anos o tempo de serviço dos professores. E deixou ainda a promessa de, assim que assuma funções, iniciar negociações com as forças de segurança que estão em protesto.
Reduzir os impostos será um dos grandes objetivos de um eventual governo da AD, prometeu o líder do PSD. “A descida dos impostos é fundamental para dar melhor capacidade à classe média e melhores salários às pessoas, para elas poderem ter aqui os seus projetos, e defendemos menos impostos sobre as empresas, para haver mais investimento, mais inovação, mais competitividade”, disse, acrescentando que “baixar os impostos é fundamental para revigorar a classe média” e travar a emigração dos jovens qualificados.
Montenegro começou o discurso com a garantia de que, na campanha eleitoral, não vai prometer aquilo que não pode cumprir. “Não é credível prometer tudo a todos e enganar as pessoas de forma intencional”, disse o líder do PSD, prometendo que, se vencer as eleições, vai convidar “os melhores” para o governo. “Não esperem aventuras, nem radicalismos. Nem que desate a prometer tudo a todos”.
O discurso de Montenegro encerrou a Convenção da AD e pelo Centro de Congressos do Estoril passaram algumas das principais figuras do PSD e do CDS como Carlos Moedas, Leonor Beleza, Carlos Carreiras, Paulo Portas e Cecília Meirelles.
Santana Lopes não estava no programa, mas apareceu de surpresa e discursou antes do encerramento com elogios ao líder do PSD. Já Gonçalo da Câmara Pereira, líder do PPM, que também está envolvido nesta coligação, não marcou presença no evento.