José Cardoso, antigo candidato à liderança da Iniciativa Liberal (IL), anunciou esta quarta-feira a desfiliação, acusando o partido de atropelar os princípios mais básicos democráticos”, nomeadamente a separação de poderes e o direito à liberdade de expressão “ao impedir a existência de canais de comunicação interna entre os membros”. “Não posso dar cobertura a uma organização que tenta impedir os seus membros de decidir o seu futuro”, justificou José Cardoso numa carta enviada aos militantes a que o NOVO teve acesso.
“Ano Novo. Vida Nova. Tomei a decisão de me desfiliar da Iniciativa Liberal”, revela José Cardoso no arranque da missiva, explicando de seguida que na convenção estatutária de 2020, “depois de assistir à centralização de tudo no partido”, disse aos membros mais próximos que ficaria até à seguinte convenção estatutária “para saber de forma inequívoca se a IL pretendia ser um partido liberal”.
Mas os ” últimos desenvolvimentos confirmam o que temia”, prossegue, lançando críticas ao partido que acusa de estar a montar uma “fraude”: “Patrocinado pelo Presidente do Conselho Nacional e pela Comissão Executiva foi feito o adiamento a convenção e está montada uma fraude para impedir alterações na convenção estatutária de julho.”
José Cardoso diz que os liberais “não estão obrigados a estar num partido assim” e sublinha ainda: “Espero ser catalisador para
encontrar a forma de participação partidária num projeto em que os princípios liberais sejam respeitados.”
A rematar a carta, o candidato que defrontou Rui Rocha e Carla Castro na disputa interna do ano passado destaca o seu percurso na Inciativa Liberal, entendendo ter feito “o que um liberal deve fazer como prioritário: lutar pela liberdade, pela minha e pela dos outros, sem espaço a cedências de qualquer género”.
“Participei ativamente em todos os momentos dando o meu contributo”, afirma, lembrando, por exemplo, ter participado na eleição do primeiro deputado da IL, tendo, durante três anos no Conselho Nacional lutado por uma IL “descentralizada, transparente e coerente com o seu discurso”. “Por fim, trabalhei centenas de horas em propostas estatutárias que agora tentam impedir que vão a votos”, termina.
José Cardoso era um dos porta-vozes da iniciativa Estatutos + liberais, que apresentou um projeto global de alteração aos estatutos – alternativo ao que foi aprovado pelo Conselho Nacional – e que iriam estar em discussão e votação na convenção que foi adiada devido à crise política.
Na convenção da sucessão a João Cotrim Figueiredo, que elegeu Rui Rocha há quase um ano, a lista L, do novo líder, alcançou 51,7% votos, enquanto a lista M, de Carla Castro teve 44% dos votos e a lista A, de José Cardoso, alcançou 4,3% dos votos.
