Dez organizações internacionais não-governamentais (ONG) apelaram esta segunda-feira para um “cessar-fogo imediato e duradouro” na Faixa de Gaza, devido à “catástrofe humanitária sem precedentes” em curso naquele território onde Israel trava uma guerra contra o movimento islamita palestiniano Hamas.

“O nosso apelo é coletivo e mundial para um cessar-fogo imediato”, afirmam as ONG Oxfam, Médicos sem Fronteiras (MSF), Médicos do Mundo (MDM), Handicap International, Action Contre la Faim, Première Urgence International (PUI), Secours Islamique France, Federação Internacional dos Direitos Humanos, Amnistia Internacional e Comissão Católica contra a Fome e pelo Desenvolvimento (CCFD – Terre Solidaire), num comunicado.

“Desde os trágicos ataques de 7 de outubro em Israel, assistimos a uma guerra total” em Gaza, tendo “a catástrofe humanitária” dimensões “sem precedentes”, prosseguem.

A guerra foi desencadeada pelos massacres perpetrados pelo Hamas a 07 de outubro em território israelita, que fizeram 1.139 mortos, na maioria civis, segundo os mais recentes dados oficiais israelitas. Foram também feitos cerca de 250 reféns no dia do ataque, 129 dos quais se encontram ainda em cativeiro em Gaza.

Naquele enclave palestiniano sobrepovoado e pobre, mais de 19.400 pessoas, na maioria mulheres, crianças e adolescentes, foram mortos pelos bombardeamentos israelitas, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do Hamas, desde 2007 no poder e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel.

A atual situação humanitária “é pior” que em todos os conflitos recentes, incluindo na Síria e no Iémen, indicou o diretor-geral da ONG Médicos do Mundo, Joël Weiler.

“Gaza já era uma prisão a céu aberto. A prisão foi dividida por oito. As pessoas estão amontoadas e a ser bombardeadas”, afirmou.

“Todas as nossas equipas estão traumatizadas [e] não sabem onde comer ou dormir”, tal como o resto dos habitantes da Faixa de Gaza, acrescentou Weiler, com indignação.

Aquele território palestiniano é “sem dúvida o mais perigoso do mundo para os trabalhadores humanitários”, que estão eles mesmos também “numa lógica de sobrevivência”, com uma “preocupação crescente” de fome, observou o diretor de operações da PUI, Olivier Routeau, cujas equipas, na semana passada, “levaram seis horas para encontrar 11 latas de feijão”.

A ONG Human Rights Watch acusou hoje Israel de “utilizar a fome dos civis como tática de guerra”, o que o Governo israelita nega. Por sua vez, a presidente dos MSF, Isabelle Defourny, descreveu a situação como “desesperada” em hospitais “sobrecarregados”. Segundo Defourny, um quarto dos doentes tratados pelos Médicos Sem Fronteiras são “crianças com menos de 12 anos”, “metade tem menos de 18 anos e três quartos são mulheres e crianças”.

“Nos últimos dias, temos recebido ferimentos de bala. Isso é novo. Até agora, só recebíamos vítimas de bombardeamentos do Exército israelita”, observou, alarmada.