Os vinhos fortificados e doces são especialmente apreciados nesta época natalícia. É a festa e também o frio a pedirem um vinho do Porto, ou, porque não, um Vinho da Madeira, um Moscatel de Setúbal, um Moscatel do Douro, ou um Carcavelos… algo que adoce e aqueça a “alma”.
No Douro, na aldeia de Câbeda, existe uma adega repleta de cascos de madeira que envelhecem um néctar, há várias gerações, que pode ser inserido nas novas categorias de Vinho do Porto recentemente classificadas pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto: são elas o Vinho do Porto Tawny 50 anos e Vinho do Porto Branco 50 anos, a que se junta, para os vinhos com mais de 80 anos, a categoria Very Very Old Tawny Port.
Foi este o mote para que o produtor António Costa Boal, da Costa Boal Family Estates, empresa proprietária da adega em Câbeda, se lançasse na criação de um Very Very Old (VVO) que, neste momento, já está pronto a ser apresentado. Neste contexto VVO, procurou também descobrir a árvore genealógica da família para, depois, compreender o ADN vínico da marca.
António descobriu que em meados do século XIX uma senhora de Justes, de apelido Boal, casou em Cabêda, com Joaquim Fernandes de Carvalho. Deste casal nasceu Armindo Boal, pai de Armindo e de Luís, avô de António Boal, todos viticultores de Cabêda, inseridos no movimento fundador da casa do Douro em 1932. Deste levantamento histórico nasceu o brasão da família que, de forma moderna e atual, faz parte da imagem gráfica da marca, porque “os olhos também vendem” e conquistam novos públicos, explicou-nos o jovem produtor.
Alicerçados nesta descendência, foram produzidos, protegidos e envelhecidos, durante décadas, entre outros vinhos, o Very Very Old Port com mais de cem anos, que a Costa Boal apresenta neste Natal: 200 garrafas de 0,5l, com PVP de 1.350 euros.
A idade deste vinho do Porto é imediatamente evidente, apresentando uma cor sedutora de um tom castanho profundo, e desvanecendo-se gradualmente para âmbar. O aroma é complexo e rico com notas de caramelo e frutos secos, realçado por notas frescas de casca de laranja e damasco. Na boca exibe uma acidez fresca e um equilíbrio perfeito. Este vinho, concentrado e denso, termina com uma acidez que produz uma perfeita sintonia, e um longo final aparentemente infindável.
A par deste foi também lançado o Costa Boal Porto 50 anos, 0,5l (400 garrafas), 260 euros. Este apresenta um aroma intenso e complexo com notas de envelhecimento em madeira como os frutos secos e especiarias. E percebe-se o equilíbrio entre doçura, acidez e notas mais frescas que permitem um final de boca único e interminável.
Vinhos desta raridade têm um valor patrimonial incomensurável. São raros, únicos, de quantidades limitadas, é certo, caros. Porém, contêm em si décadas e décadas de história que as gerações souberam proteger e perpetuar para que possam mostrar ao mundo o quanto o Vinho do Porto encerra de excecional e o que de diferenciador tem a Região Demarcada relativamente a outras do mundo.
Para a Costa Boal ter este património na empresa é uma honra. “Era, por isso, importante para mim, enquanto produtor e herdeiro desta marca, perceber os caminhos que foram percorridos até hoje”, explicou António Costa Boal, observando: “Estes vinhos são o ADN da Costa Boal que agora tem a história e a sua arvore genealógica devidamente identificada e a continuidade assegurada na família”.