O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português confirmou à Lusa que o Consulado-Geral de Maputo está a acompanhar a tentativa de rapto de um cidadão luso-moçambicano, ocorrido na segunda-feira, o segundo caso num mês.

“O Consulado-Geral em Maputo acompanha a situação da tentativa de rapto de um cidadão luso-moçambicano. As autoridades moçambicanas tomaram conta da ocorrência”, refere fonte oficial do MNE, em resposta a uma pergunta da Lusa.

Um comerciante luso-moçambicano foi ferido a tiro por desconhecidos que o tentaram raptar na segunda-feira, no centro da cidade de Maputo, crime frustrado graças à intervenção da população.

“Quatro homens munidos com uma pistola e uma arma AKM tentaram raptar um comerciante ao princípio da noite de segunda-feira, na cidade de Maputo, e perante a resistência da vítima e a intervenção de populares, acabou baleado na perna”, disse Leonel Muchina, porta-voz da polícia na capital de Moçambique.

O rapto foi impedido por populares, que arremessaram pedras contra os autores do crime, tendo estes fugido, acrescentou Muchina.

“O comerciante foi levado ao hospital”, avançou a polícia, detalhando que a tentativa de rapto aconteceu momentos após o comerciante sair da sua loja de têxteis.

Num outro caso, um grupo de três homens armados raptou na manhã de dia 01 de novembro uma jovem luso-moçambicana de 26 anos, quando esta saía da sua casa em Maputo, cerca das 07:50 locais (05:50 em Lisboa), com a intenção de se dirigir a um ginásio, segundo o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Lionel Muchina, em declarações à Lusa no dia do rapto.

“A situação está a ser acompanhada através dos postos diplomáticos e consulares em Maputo, que estão em contacto com a família”, disse anteriormente fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros à Lusa.

Neste caso, a jovem permanece em cativeiro até hoje.

Na semana passada, seis pessoas foram detidas por alegada participação numa tentativa de rapto do empresário moçambicano Juneid Lalgy, no dia 08 de novembro, avançou anteriormente o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).

O porta-voz do Sernic na província de Maputo, Henrique Mendes, disse, em conferência de imprensa, que os seis homens simularam um acidente de viação para abalroar a viatura de Lalgy e tentar raptar o empresário.

“Nessa perseguição, essa viatura [dos alegados autores da tentativa de rapto] foi embater contra um obstáculo fixo algures no bairro de Hanhane e a vítima conseguiu chegar em segurança” à sua empresa, disse Mendes.

Juneid Lalgy é dono de uma empresa de transporte, com uma considerável frota de camiões, e proprietário do clube de futebol Black Bulls.

No dia 17 deste mês, um empresário moçambicano ligado ao ramo automóvel foi raptado por homens desconhecidos na cidade de Maputo.

Algumas cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser afetadas desde 2020 por uma onda de raptos, visando principalmente empresários ou familiares.

A Confederação das Associações Económicas (CTA), a maior associação patronal do país, defendeu no início de novembro, face a esta nova onda de casos, penas de prisão “mais severas” contra raptores e “sem pagamento de caução” para travar estes crimes.

“Entendemos que é preciso imprimir mudanças profundas, tanto na abordagem da PRM contra este mal, bem como no quadro legal vigente, tornando a sua moldura penal mais severa e sem possibilidade de pagamento de caução”, referiu a CTA, numa nota enviada à comunicação social, em reação ao rapto da jovem luso-moçambicana em 01 de novembro.

O primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, anunciou no parlamento, em maio último, que foram já selecionados os agentes que vão trabalhar numa unidade especial de combate aos raptos que afetam o país.

De acordo com um balanço apresentado pelo chefe do Governo, desde 2021 foram registados 28 casos de rapto, dos quais “15 foram totalmente esclarecidos”.