O ministro da Saúde defendeu esta segunda-feira que o governo precisa de mais tempo para promover a reorganização do funcionamento das urgências “que permita deixar de depender das horas extraordinárias” e rejeitou que o atual plano, que prevê para esta semana 36 serviços com constrangimentos, deixe de ser provisório e passe a permanente. “Esta [reorganização] são mesmo medidas de contingência para garantir o funcionamento em rede do serviço”, disse Manuel Pizarro, em declarações aos jornalistas no Hospital da Prelada, no Porto, vincando que os médicos têm “o direito” de não fazer mais horas extraordinárias do que aquelas a que estão obrigados a fazer, 150 por ano.

Questionado pelos jornalistas sobre as negociações com os sindicatos e a possibilidade do desfecho impor outros constrangimentos nos serviços de saúde, o ministro recusou-se a fazer uma associação entre “as negociações sindicais dos médicos e o exercício individual de cada médico de não fazer mais horas extra do que aquelas que estão impostas”.

“É uma associação que não farei, porque me parece que essa associação é até pouco legítima. Estamos a falar de um problema crónico do nosso sistema, que é a dependência de milhões de horas extraordinárias prestadas pelos médicos”, sublinhou Pizarro, reiterando que para implementar um modelo que elimine esse problema são necessárias medidas “que vão demorar tempo a fazer efeito”. “Temos é de garantir que as medidas de contingência que são tomadas no entretanto dão resposta às necessidades dos portugueses”. Até a este momento, garantiu: “é isso que tem acontecido”. “Quero aqui prestar em público um agradecimento e homenagem aos milhares de profissionais do Serviço Nacional de Saúde, uns mais contentes, outros mais insatisfeitos, que têm garantido que os serviços funcionam dando segurança aos portugueses”, disse ainda Pizarro.

Durante esta semana, 36 serviços de urgência de norte a sul do país vão funcionar com limitações, de acordo com o plano de encerramentos atualizados pela Direção Executiva do SNS (DE-SNS) na última sexta-feira. Recorde aqui os serviços que estarão fechados até ao dia 2 de dezembro, data a partir da qual haverá nova atualização dos constrangimentos.