A Comissão Europeia vai apresentar esta quarta-feira um relatório sobre os progressos democráticos dos países com estatuto de candidato à adesão à União Europeia, um objetivo político central para a Ucrânia.

A Comissão vai apresentar o documento ao início da tarde, em Bruxelas, onde constarão todos os progressos nas recomendações feitas pelo executivo de Ursula von der Leyen. Um parecer positivo significa que um país candidato reformou várias áreas, progrediu democraticamente e planeia continuar a fazê-lo.

Esta é a expectativa da Ucrânia e também da Moldova, os mais recentes candidatos à adesão ao bloco comunitário, desde junho do ano passado.

A celeridade para conceder o estatuto de candidato poucos meses depois de a Rússia ter anexado uma grande porção do território ucraniano foi vista como um sinal político de Bruxelas do apoio inequívoco à futura integração de Kiev.

A decisão só pode ser tomada no Conselho Europeu de dezembro, mas para isso dependerá a avaliação que constará do relatório apresentado na quarta-feira pelo executivo de Ursula von der Leyen.

O relatório não diz apenas respeito à Ucrânia, mas a todos os países com o mesmo estatuto: Moldova, Albânia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia e Turquia. Para que o parecer seja positivo e haja uma recomendação ao Conselho para deliberar sobre o início das negociações formais, os países candidatos têm de comprovar que avançaram nas recomendações que a Comissão fez.

Estas incluem reformar o sistema jurídico e reforçar a sua independência, criar medidas eficazes para combater a corrupção – o que na Ucrânia tem um peso considerável por causa de décadas de influência das oligarquias – e ainda avançar na digitalização e transição energética, para os candidatos se equipararem aos países que já fazem parte da União Europeia.

No último sábado, Ursula von der Leyen apareceu de surpresa em Kiev e depois de um encontro com Zelensky disse estar confiante de que a Ucrânia está a fazer de tudo para aderir à União Europeia e que essas reformas estariam vertidas no relatório, pelo que é expectável que haja um parecer positivo, pelo menos, em relação à Ucrânia.

“Tenho de dizer que houve excelentes progressos, é impressionante constatá-lo, e vamos atestar isso mesmo, na próxima semana, quando a Comissão apresentar o seu relatório sobre o alargamento”, disse Ursula von der Leyen, em conferência de imprensa conjunta com Vlodymyr Zelensky, no sábado.

Contudo, Ursula von der Leyen reconheceu que ainda há “muitas etapas” que a Ucrânia tem de concluir, nomeadamente, “reformar o sistema judicial, apertar com os oligarcas, debruçar-se sobre a lavagem de dinheiro e muito mais”.

“Estou confiante de que vai conseguir atingir o seu objetivo e avançar para a próxima fase”, completou a presidente da Comissão. Zelensky advertiu que o seu país “não está a pedir atalhos” para aderir: “As recomendações são necessárias para começar as negociações e nós implementámos estas recomendações”.