O comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, entrou esta quarta-feira em Gaza para expressar o seu apoio à população local e exigir de novo um cessar-fogo e a abertura de corredores humanitários.
“Precisamos de um corredor humanitário, precisamos de um cessar-fogo humanitário”, afirmou Lazzarini, em declarações à imprensa, após entrar no enclave através da passagem de Rafah com o Egipto, durante a visita de um alto funcionário internacional na Faixa de Gaza.
Lazzarini esteve em Rafah, onde visitou uma escola da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) que também serve como refúgio dos bombardeamentos para um grande número de palestinianos.
Segundo o comissário-geral da UNRWA, a escola que visitou “está superlotada” e também foi alvo indireto de ataques, que provocaram “80 feridos e um morto”.
O responsável da agência da ONU para os refugiados palestinianos também se manifestou consternado com “o facto de todos os presentes pedirem água e comida”, algo que “nunca tinha visto” em outras visitas a Gaza, e lamentou as perdas humanas da UNRWA.
Os funcionários da agência “pagaram um preço elevado, perdemos 70 colegas até agora”, lamentou.
Por sua vez, Lazzarini quis enviar “uma mensagem firme a todo o povo de Gaza” para transmitir o seu compromisso: “A UNRWA está ao lado dos refugiados palestinianos em Gaza. Não apoiamos apenas os refugiados palestinianos, mas apoiamos qualquer palestiniano na Faixa que precise de ajuda”.
O comissário-geral da UNRWA expressou ainda a sua admiração pelos funcionários da agência com quem se reuniu, explicando que se encontram numa situação semelhante à do resto dos civis, “deslocados e que lutam diariamente para obter água e alimentos” e “empenhados em trabalhar contra a relógio para tornar o impossível possível”.
Dada a situação humanitária catastrófica, Lazzarini denunciou “a real falta de alimentos, água e combustível”.
“O combustível aqui é absolutamente tudo, porque sem ele não temos geradores, não temos padarias a funcionar, não temos hospitais a funcionar e não se pode bombear água”, disse, pedindo que seja autorizada a entrada de mais bens essenciais em Gaza.
As escolas da UNRWA na Faixa de Gaza têm acolhido centenas de milhares de pessoas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, que já dura há 26 dias e deixou pelo menos 8.796 palestinianos mortos no enclave, muitos deles crianças e mulheres.
O grupo islamita do Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O terminal de Rafah, no sul de Gaza e a única passagem para o Egito, vai permitir que a ajuda humanitária chegue ao território palestiniano.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.