Os médicos cumprem esta quarta-feira o segundo dia de greve nacional. A paralisação, convocada pela Federação Nacional dos Médicos, teve no primeiro dia uma adesão de 85%, segundo o sindicato. O dia ficou também marcado por uma manifestação junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, que reuniu mais de 500 clínicos.

Numa nota enviada ao final do dia de terça-feira, a FNAM reforçou quais são as exigências dos médicos e pediu que Manuel Pizarro “incorpore as propostas dos médicos para salvar a carreira médica e o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“Exortamos uma vez mais o governo a abandonar a teimosia e as sucessivas tentativas de divisão dos médicos, que ouça também o país e as necessidades dos utentes, e que tenha a necessária competência e vontade política de incorporar as soluções de que os médicos não abrem mão e das quais o SNS não pode continuar à espera”, frisou a federação liderada por Joana Bordalo e Sá.

A greve de dois dias acontece numa altura em que o governo retomou as negociações com os sindicatos com o objetivo de resolver a crise nas urgências motivada pela indisponibilidade de mais de 2 mil médicos para trabalhar além das 150 horas suplementares a que estão obrigados por lei.

O ministro da Saúde, questionado sobre se a greve belisca o diálogo em curso, disse não lhe agradar uma paralisação enquanto decorrem negociações e avisou os sindicatos: “Para existir um entendimento é preciso uma aproximação de ambas as partes.”

Na reabertura das negociações, Manuel Pizarro propôs um suplemento de 500 euros mensais e a possibilidade de 35 horas de trabalho semanal para os médicos que fazem urgências. Os dois sindicatos reconheceram tratar-se de uma aproximação às exigências feitas pelos profissionais e exigiram um documento escrito. Na resposta a essa exigência, o ministro garantiu que o fará “evidentemente”, mas sublinhou que o que já foi apresentado às estruturas sindicais pode servir “perfeitamente” de base ao diálogo. Governo e sindicatos voltam a reunir-se na próxima quinta-feira.