Hoje, dia 7 de outubro, Mafra testemunhará o seu primeiro casamento real. Há 28 anos, quando casaram os atuais duques de Bragança no Mosteiro dos Jerónimos, que não tínhamos um evento desta envergadura.
Embora muitos republicanos fiquem inflamados por se falar num casamento real, não podemos esquecer que Portugal já existia há 767 anos antes do golpe de Estado de 1910. E que o povo sempre teve simpatia e se identificou com a família que representa o Portugal histórico. O nosso país precisa, sim, de uma instituição real, consubstanciada na família de Bragança, mesmo coexistindo com a República. O papel diplomático, conciliador, representativo e relevante que esta família tem tido ao longo do tempo, mesmo sem estar no trono, é relevante e tem servido o país. E é exatamente isto que se celebra hoje: a continuidade do valor histórico, aliada à modernidade, e o serviço a um país cujo destino e passado se confundem com os seus representantes.
Os Bragança continuam a servir Portugal, como sempre fizeram. O momento histórico que Mafra – local que, desde a sua construção, simbolizou tanto em alguns dos episódios mais importantes da nossa história dos últimos 300 anos – presenciará hoje é mais um marco naquilo que poderá ser o futuro de Portugal. O casamento simboliza também a continuidade dessa ligação de uma família e a sua representação ao serviço de Portugal. Sem esperar honras, retorno, benesses. E, num gesto de agradecimento do elo que sempre existiu entre a família real e o povo português, o primeiro passo dos noivos como casal será oferecer um pedaço de bolo a quem se juntar à festa no terreiro. Ao povo. E isto é Portugal.
Professora universitária