Papa despede-se pedindo aos jovens que sejam surfistas do amor

Na despedida da Jornada Mundial da Juventude, no Passeio Marítimo de Algés, Francisco invocou as ondas do canhão da Nazaré para pedir aos portugueses que cavalguem as ondas da caridade.

A despedida do Papa, depois de cinco dias em Portugal, aconteceu no Passeio Marítimo de Algés, perante os cerca de 20 mil jovens voluntários que tornaram possível a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) entre os dias 1 e 6 de agosto.

Francisco usou uma imagem bem portuguesa, as ondas do canhão da Nazaré, para desafiar todos os voluntários a manterem vivo o espírito da jornada.

Disse-lhes: “Existe a norte de Lisboa uma localidade – Nazaré – onde se podem admirar ondas que chegam aos 30 metros de altura, tornando-se uma atração mundial, especialmente para os surfistas, que as cavalgam. Nestes dias, também vós enfrentastes uma onda enorme, não de água, mas de jovens que afluíram a esta cidade. Mas conseguistes cavalgar essa onda. Quero dizer-vos: continuai assim, continuai a cavalgar as ondas da caridade, sede ‘surfistas do amor’.”

E sublinhou: “Correstes sabendo para onde ir: ao encontro de irmãos e irmãs concretos para os amar e servir em nome de Jesus, que veio para servir, e não para ser servido. Sim, vós também viestes a Lisboa para servir, e não para ser servidos.”

No encontro no Passeio Marítimo de Algés, vários jovens falaram ao Papa, dando testemunho do que viveram durante a JMJ, descrevendo-lhe também algumas atividades de preparação para o evento, nomeadamente uma de voluntariado missionário em várias instituições, visitando milhares de pessoas mais vulneráveis.

No fim ofereceram ao pontífice uma pulseira da JMJ, igual à que entregavam às pessoas visitadas. O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, agradeceu a vinda do Papa e disse acreditar que, depois deste evento, terá nascido para transformar o mundo a “geração JMJ 2023”.

Depois deste momento, muito intimista, Francisco partiu rumo ao aeroporto, devendo o avião arrancar às 18h15.

A próxima JMJ será em Seul, Coreia do Sul, em 2027. Atendendo ao estado de saúde de Francisco, é de prever que esta, em Lisboa, tenha sido a última em que participou. Este terá sido também o último grande evento do cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente, à frente do Patriarcado. Dentro de dias irá saber-se quem vai suceder-lhe. Um fim é sempre o início de uma outra realidade, e os jovens, em Lisboa – mais de um milhão, durante seis dias –, foram convocados para tornar essa realidade mais bonita, numa Igreja onde cabem “todos, todos, todos”.