Frederico Pinheiro diz que havia “padrão de omissões” no Ministério das Infra-Estruturas

Ex-adjunto do ministro João Galamba está a ser ouvido na tarde desta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP.

O ex-adjunto do ministro João Galamba garantiu na tarde desta quarta-feira que nunca omitiu informação e fez saber que existe “um padrão de omissão” no Ministério das Finanças, deixando implícito que era o ministério que não queria divulgar as suas notas informais sobre reuniões a respeito da TAP.

Frederico Pinheiro relatou facto por facto, hora por hora, tudo o que sucedeu desde o dia 5 de Abril, quando se deu a reunião do gabinete onde foi debatido o facto de ter sido tornada pública a reunião preparatória entre a ex-CEO da TAP e o grupo parlamentar do PS. O ex-adjunto garante aos deputados da CPI que nunca lhe foram pedidas nessa reunião as notas informais que tirou da reunião de 17 de Janeiro, bem como da reunião de 16 de Janeiro entre o próprio ministro e a ex-CEO da TAP, que num primeiro momento era desconhecida.

Frederico Pinheiro garantiu aos deputados que foi o ministro João Galamba quem decidiu que Christine Ourmières-Widener devia participar da reunião preparatória com o grupo parlamentar do PS para preparar as perguntas e “definir as respostas” a dar. O contacto, disse Frederico Pinheiro, foi feito por WhatsApp, tendo perguntado se a ex-presidente da companhia aérea devia participar na reunião, mensagem a que Galamba terá respondido: “pode”.

“Em momento algum me foram solicitadas as notas, sendo certo que sabiam da sua existência. O ministro disse não ver problemas de ter havido reunião a 17 de Janeiro”, concretizou o ex-adjunto, revelando ainda que a chefe de Gabinete à data disse que as notas não iriam ser entregues à CPI por serem informais. Esta ordem foi dada na presença do ministro das Infra-Estruturas.

Frederico Pinheiro disse ainda que a chefe de Gabinete ordenou uma intervenção no seu telemóvel para recuperar mensagens, mas ao contrário disso deu-se “um apagão” em todo o seu arquivo de WhatsApp.

Sobre o comunicado de dia 6 de abril, o ex-adjunto disse que foi com espanto que viu que no mesmo não se menciona “o papel activo” que o ministro teve na realização da reunião de dia 17 entre a ex-CEO e o grupo parlamentar do PS, que é omitida a reunião de dia 16 de Janeiro entre a então presidente e o ministro e que o seu nome tenha sido referido na nota à comunicação social. O ex-adjunto sublinhou que, perante e menção do seu nome no comunicado, disse que caso fosse chamado à CPI teria de referir-se às notas informais que tomou nas reuniões. Foi só nessa altura, explicou, que lhe foram pedidas as notas informais e ficou “combinado” que seriam entregues no dia 25 de Abril à noite. A partir daqui, contou, os acontecimentos precipitaram-se.

Recebeu chamadas da chefe de gabinete e do próprio ministro a pedir as notas informais das reuniões sobre a TAP e Frederico Pinheiro terá lembrado que combinou enviá-las no final do dia 25 de abril. O ministro João Galamba ter-lhe-á ligado por volta das 14h00, mas como estava no desfile de 25 de Abril não ouviu e devolveu a chamada pelas 19h00. Frederico Pinheiro contou que o ministro atendeu o telefone “muito exaltado” e que lhe faltou ao respeito, o que o deixou “muito perturbado”. Nessa noite, adiantou, enviou as notas das duas reuniões e ainda as sugestões de alterações na resposta à CPI. E revelou, de novo, que existiam omissões no comunicado de 6 de Abril. “Há omissões no comunicado de 6 de Abril, há um padrão de omissões )…) Se havia alguém a querer esconder ou omitir factos essa pessoa não era eu”, rematou o ex-adjunto de João Galamba.

Frederico Pinheiro garantiu que nunca roubou ou furtou qualquer computador e que nunca agrediu nenhum dos elementos do gabinete de João Galamba, revelando ter sido ele próprio a chamar a PSP para “por fim” ao que disse ser o seu “sequestro” no Ministério das Infra-Estruturas naquela noite. Insistiu que nunca agrediu uma única funcionária, apenas se “libertou” por estarem a agarrá-lo e garantiu, ainda, que não partiu nenhum vidro do ministério com a sua bicicleta. “Saí do ministério por volta das 21h30 acompanhado pela PSP a quem tive de ligar para por fim ao meu sequestro”, frisou, garantindo ainda que nunca esteve em risco de divulgar informação classificada e que nunca o faria.

“Nunca em momento algum faria algo que pudesse prejudicar a TAP e o país”, garantiu, afirmando que o objectivo do Governo sempre foi de “intimidação e ameaça”. O ex-adjunto acusou ainda o primeiro-ministro e o ministro João Galamba de terem manchado a sua honra com “mentiras” sobre o que aconteceu na noite de dia 26 de Abril no Ministério das Infra-Estruturas.