Melo Gomes sobre Gouveia e Melo: Tem “condições políticas inigualáveis” na Marinha
Antigo Chefe de Estado-Maior da Armada aponta o caderno de encargos de Gouveia e Melo, o sucessor de Mendes Calado, que não saiu por vontade própria.
O novo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Gouveia e Melo, tomou posse esta semana, rodeado de polémica (e nem o seu sucessor Mendes Calado compareceu à cerimónia).
Para o antigo chefe do Estado-Maior da Armada, Melo Gomes, o CEMA escolhido tem, agora, “condições políticas inigualáveis para resolver os verdadeiros problemas da Marinha”.
Mais, aponta-lhe um duro caderno de encargos: “A falta de efectivos, a exiguidade de recursos para manter, modernizar a esquadra. São essas duas as questões absolutamente essenciais”, afiança ao NOVO o almirante Melo Gomes, um dos nomes que contestaram as mudanças legislativas nas estruturas hierárquicas dos militares, com a concentração de poderes na figura do chefe do Estado-Maior- General das Forças Armadas.
Melo Gomes considera, aliás, que o almirante Gouveia e Melo “vai ter dificuldades adicionais impostas pela nova legislação da estrutura superior das Forças Armadas”. E deixou mais um recado: “As condições internas, será Gouveia e Melo que as tem de criar dentro da Marinha.” O antigo responsável militar não quis comentar se a Marinha vive dias de paz podre interna, preferindo sempre destacar que Gouveia e Melo tem as tais condições políticas, com o apoio do Governo, do Presidente da República, que, afinal, aceitou a saída de Mendes Calado antes do tempo, e do próprio PSD.
Para já, Gouveia e Melo terá de escolher um novo comandante naval (talvez o posto mais importante a seguir ao CEMA), cujo processo se arrasta desde Maio. Segundo fontes conhecedoras do processo, este era um dossiê nevrálgico na Marinha e não haveria solução à vista.
De realçar que a exoneração de Mendes Calado mereceu o voto contra do chefe da casa militar de Marcelo Rebelo de Sousa, o comandante supremo das Forças Armadas, na última reunião do Conselho do Almirantado.