João Lagos: “Cheirou-me que o 25 de Abril não seria bom para o ténis”

João Lagos, 77 anos, foi um dos maiores promotores de eventos desportivos em Portugal. O seu nome está ligado ao Estoril Open, cuja edição de 2022 se inicia este fim-de-semana. Fala dos seus tempos como tenista, da epopeia que foi a vinda de Björn Borg a Portugal, nomeia o melhor tenista que viu jogar e ainda uma exigência de Luís Filipe Vieira.

Tem 77 anos, jogou na Taça Davis. Se calhar, hoje estava no top-100 mundial.
Atleticamente, tinha todas as condições para isso. Hoje em dia não há segredos, é tudo científico – desde que treinasse, fizesse as cargas certas, tivesse um fisioterapeuta. Naquele tempo, nem havia. Havia uns massagistas, um Manuel Marques, do Sporting, havia umas pessoas assim… experimentadas, que davam uns toques. O termo medicina desportiva, nem havia.

Foi atleta do Sporting?
Fui.

Sempre como tenista?
Atleta de pingue-pongue, foi a modalidade pela qual mais joguei pelo Sporting. E ténis, depois. O meu pai era um entusiasta do ténis. Chegou a construir dois courts debaixo das bancadas do antigo estádio, num espaço que servia de garagem. Foi ele que pagou, que investiu, e tinha lá miudagem que nunca mais acabava.

Deixe lá a imodéstia de lado. Se fosse nos tempos de hoje, podia ter sido o melhor tenista português de sempre?
Ainda há uns dias disse ao Gastão Elias que o ténis que ele está a jogar, nunca nenhum jogador português jogou. Conheço-os a todos… O Nuno Marques podia ter sido melhor do que foi, tinha potencial para ter sido bem melhor.

E onde ficava o jogador João Lagos hoje?
Eu jogo mais agora numa semana, com 77 anos, do que num mês na minha altura. Não tínhamos competição sistemática. Mas muitas pessoas achavam que eu tinha condições atléticas…

Como olha para o ténis hoje? Fala-se muito do serviço, em que os jogadores treinam bombas a 200 km/h.
Para mim é mais importante a primeira bola a seguir ao serviço. Essa resposta é fundamental. O principal segredo está nessa combinação. As respostas estão a subir muito. A razão pela qual o Djokovic ainda é o melhor do mundo em termos de ranking é a resposta ao serviço.Falou de Djokovic.

Nos últimos anos tivemos três tenistas a comandar o panorama: o próprio Djokovic, Federer e Nadal. Curiosamente, passaram todos pelo Estoril Open. Vê alguém que possa suceder a este triunvirato?
Está aí à vista de todos, tem 18 anos: Carlos Alcaraz, the next big thing do ténis mundial. Mas muito dificilmente haverá três com o nível de Djokovic, Nadal e Federer. Os três ganharam 61 Grand Slams. O Del Potro, se não tivesse as lesões que teve, teria roubado vários Grand Slams a estes três.

E o Andy Murray?
De alguma forma, também. Ele teve o problema na anca quando tinha condições para roubar mais um ou dois àqueles três. Introduziu-se naquele trio…

Qual foi o melhor tenista que viu jogar?
O que eu mais gosto é o Federer. O Djokovic, se calhar, é mais completo mas, esteticamente, o Federer é o mais bonito. A elegância com que executa…

Mas retirando o seu gosto e a sua opinião, o melhor de sempre foi o Federer?
Sim, foi. As épocas não se compõem, mas o Rod Laver era de encher as medidas. Embora na altura, para mim, e ao mesmo tempo nessa ordem, o Roy Emerson fosse um atleta extraordinário. Ganhou 12 Grand Slams, tive oportunidade de jogar contra ele em duplas em Roland Garros, na 1.ª ronda, eu e o João Roquette. Acabámos o jogo e ficámos os melhores amigos, eram outros tempos. Eles a beberem cerveja… Fomos jantar com eles.

E que outros grandes palcos pisou?
Em juniores, em Wimbledon, mas a federação não me inscreveu. Eu é que falei com eles e a federação mandou uma cartinha, e eu joguei.

Viveu várias vidas numa vida?
Tenho histórias umas atrás das outras. Esta com o Roy Emerson é gira. Aquilo foi a noite toda. Era uma da manhã e ainda estávamos juntos, entrávamos em botecos, uma paródia.

Conviveu de perto com a nata do ténis mundial?
Mas muito mais depois, como promotor.

A sua carreira como promotor superou a de atleta?
Foi uma transição normal, pensada. Como fiquei aquém como atleta… Não tive oportunidade de espremer as minhas capacidades. Fiquei revoltado porque o ténis não tinha a expressão que hoje tem. E eu contribuí para isso, vou buscar essa minha energia, vontade de fazer qualquer coisa para que os putos não passem pelo que eu passei.

Apostou no ténis, num desporto muito elitista.
Em 1974, com a Escola de Ténis João Lagos. Cheirou-me que o 25 de Abril não seria bom para o ténis. Nós éramos vistos como fascistas: “Joga ténis, é fascista.” Jogava no CIF, fundei a escola um mês depois do 25 de Abril e sentia na rua bocas aqui e ali. Eu gostei do 25 de Abril. Lembro-me de ir para Caxias, à saída dos presos políticos. Aquilo, para mim, era tudo novidade, nem tínhamos noção do que se estava a passar. Nunca fui rico na vida… e fundei a escola nessa altura, começa aí, porque se dizia que o ténis era para acabar. O presidente da federação veio perguntar-me se o ajudava a refazer a federação porque as pessoas tinham desaparecido. Ele pede-me ajuda e eu a precisar de dar aulas de ténis para sobreviver. Então ia ao Stones, a discoteca da moda, angariar os meus alunos, malta amiga da minha idade. Foi assim que a coisa começou no CIF. Lembro-me de uma história… quando o vento estava de uma certa feição, eu ouvia a bola bater na parede, e ouvia muitas vezes. Um dia estava a dar aulas e esse miúdo que eu ouvia jogar ficou a ver as minhas aulas e comecei a bater umas bolas com ele. Ficou encantado com umas dicas que eu lhe dava. Esse miúdo era o António Câmara, mais tarde Prémio Pessoa, um génio.

Antes de criar o Estoril Open,em 1990, trouxe a Portugal o Björn Borg. Como é que isso aconteceu? Como o convenceu?
Estava muito bem no meu escritório e a minha telefonista, que não falava inglês, dizia que tinha ligado alguém que falava em “Co-pe-nha-ga” e depois Borg. Mas Borg era sueco e Copenhaga era na Dinamarca, aquilo não batia. A pessoa voltou a ligar, atendi: era um dinamarquês que tinha conhecimento da minha existência através de um tenista, Peter Bastiansen. A pessoa que me ligou era um antigo pugilista que se tinha dedicado à organização de eventos e estava aflito porque tinha contratado o Borg para três noites em Copenhaga mas tinha-lhe faltado um sponsor.

Borg era…
O deus do desporto, tinha mais notoriedade que o Papa. Era como o Ronaldo hoje em dia. Mas, voltando à história, queriam que eu trouxesse o Borg cá a Portugal. Disse-me um número que eu até saltei da cadeira. E eu a pensar: “Como é que eu arranjo esta massa toda?” E ele disse-me: “Ainda hoje estou aí em Lisboa.” E aterrou mesmo ao final do dia. Reunimo-nos no bar do Hotel Ritz. E estávamos a falar de uma coisa para se realizar em 15 dias. Faltou-lhe o chão muito em cima. Eu disse que ia ver, cheio de vontade, mas com dúvidas. Não dormi nessa noite e às nove da manhã do dia seguinte só pensava onde ia bater à porta. Bati à porta da Macieira, empresa de bebidas, e fui falar com o José Machado Leite. Lembro-me que chovia miudinho. Expliquei quem era, fiquei meia hora à espera. Contei a minha ideia e, quando falei do Borg, percebi que estava a ouvir. Perguntou quanto custava e eu, pimba, atirei com um número em contos. Não estremeceu, mas perguntou se eu tinha televisão. Não me desmancho, e ele: “Tens de ter televisão.” Disse que ia ver… mas fiquei esperançado. Perguntei à telefonista dele onde era a RTP e lá fui eu, de fato de treino, à Cinco de Outubro. Quando lá cheguei disse que queria falar com o presidente, e eu nem sabia o nome dele… e as meninas da recepção riram-se. Esperei dez minutos, lá fui eu, e já não se estavam a rir. Quando saio do elevador recebe-me o Daniel Proença de Carvalho, com um ar muito sorridente. Aí é que mordi o nome dele. Percebi que ele sabia vagamente quem era o João Lagos. Contei-lhe a história toda e percebi que ele estava a achar piada à ideia e com a Macieira por trás. Pegou no telefone e mandou chamar o director financeiro, Pinho Cardão, que um minuto depois se juntou a nós. Pensou dois segundos e perguntou: “E se eu lhe der o equivalente em ad time?” Isso, para mim, era chinês, lá percebi sem dar muita barraca. Estava a dizer-me que me dava o valor que eu pedia em publicidade. E pediu-me para eu falar com o Machado Leite. Meia hora depois estava na Macieira, na Rua Ivens, com a grande novidade: “Televisão, já temos.” Tive ainda de ir falar com o director-comercial da Macieira e às 12h00 já tinha tudo fechado, a gastar uma chamada para Copenhaga. O dinamarquês, do outro lado, ficou maluco, dava gritos ao telefone.

E que exigências fez o Borg? Li que ele queria um court lento…
Não era bem exigir, mas ele tinha estado parado e ia retomar em terra batida. Tínhamos de jogar indoor e não dava para fazer um court de terra batida indoor, e o piso tinha de ser lento. Lá inventámos um tapete improvisado, foi um megassucesso, enchemos o Dramático de Cascais. Tínhamos o Borg, o dinheiro, mas não tínhamos onde fazer porque o Dramático tinha a agenda preenchida com outras modalidades. Mas tinha mesmo de ser ali, e o presidente do Dramático tinha vontade e também estava inflamado com o meu entusiasmo.

Foquemo-nos nas exigências de tenistas que trouxe ao Estoril Open. Por exemplo, Novak Djokovic entrou no court com uma camisola do Benfica.
Exigências que tivesse de chamar exigências e não tivesse outro remédio… não tivemos. No caso do Djokovic, na altura havia jogadores sérvios a jogar no Benfica. Aproveitámos para um momento mediático: ultrapassagem do âmbito do ténis e atingir outro nível de audiências.

O Federer esteve no Estoril Open no intervalo de ser número 1 mundial. Não teve nenhuma exigência, nada de extravagante?
Não foi propriamente uma exigência. Percebi na conversa com o manager que preferia não estar no hotel oficial, ao lado dos outros jogadores. Por isso, ficou no Ritz, e não no hotel oficial. E não querendo fazer distinções entre tenistas, tive o cuidado de explicar aos outros.

Qual o tenista mais antipático ou menos simpático a passar pelo Estoril?
Podemos falar do David Nalbandian. Chegou a ser n.º 1. Deu alguma dor de cabeça. Como jogador de primeira linha, tinha direito a um cachê – tem a ver com a cotação no mercado dos torneios. Sou muito atento e descubro que andava lesionado. Era um nome de cartaz e estava coxo. Tinha medo que não viesse e tínhamos a preocupação de ter sempre um top-10. Estava atento se saltasse fora do quadro, mas não aconteceu. Fez um treino, fui espreitar e vi um certo condicionamento. Pensei: leva o cachê, perde na primeira ronda com um chouriço qualquer, vai à vidinha dele e eu gasto a massa. Jogou na 1.ª ronda, acabou o jogo e falei com o agente – na altura, a IMG, uma agência, das maiores do mundo, onde já trabalhavam o Carlos Costa (trabalha com o Rafael Nadal) e o meu amigo Fernando Solero.

E o que fez? Chegou a pagar?
Dentro de uma certa ginástica e cortesia – era um cliente, tinha feito muitos eventos, a vinda do John McEnroe… -, não paguei.

E o Nalbandian percebeu?
Encontrei-o um tempo depois, em Barcelona ou Roland Garros. Costumávamos fazer um livro com os jogadores que passaram pelo Estoril Open. Ele foi capa num, tinha ganho no ano anterior. Levei-lhe o livro e recebeu com um sorriso amarelo. Teve de engolir.

Saltou fora de pé do budget que tinha para tenistas. Arriscou?
Pus a fasquia muito alta. Sempre fui de riscos. Paguei ao Federer um milhão de dólares. É fora de pé. Mas também é a promoção máxima do torneio, está-se a investir para o futuro. Dava importância a essas coisas, ao corporate muito anos antes de haver corporate. Muito anos antes de Alvalade ou a Luz terem isso estava eu a criar o meu Estoril Open com estas zonas e ambientes. E atrair a malta que muitos gostam de dizer que vão lá só para o croquete. Mas, ao irem, estão a promover a modalidade e eu estou a amaciá-los. Um dia posso ir lá bater à porta para um patrocínio.

Conseguiu Nadal, Federer e Djokovic. Qual o tenista que tentou e não veio. A quem pertence o não que levou?
[Andy] Murray. Era um jogador que me apetecia ter, apesar de não ser um grande nome em terra batida. Tinha limpado Wimbledon. Não foi uma grande insistência, mas gostaria que cá tivesse estado.

Masters em 2000: li numa entrevista sua que foi consultar o caderno de encargos só como curiosidade. Chamaram-lhe maluco?
Na altura, o ministro da Economia era o Pina Moura, a quem fiquei afectivamente ligado. Tenho uma história engraçada para lhe contar.

Conte…
Durante 20 anos, o Masters jogou-se nos EUA. Saiu e veio para a Alemanha no tempo do Boris Becker. Achavam que iam fazer uma pipa de massa e rebentavam com a escala. Ficou na Alemanha dez anos. Nesse período, no ATP, os números do Master batiam-se com os do Grand Slam. Quiseram que fosse itinerante, um ano em cada sítio. No ano 2000 abriram um concurso. Todo e qualquer promotor podia apresentar. O caderno de encargos chegou por correio. Leio tudo, prize-money de quatro milhões de dólares, um balúrdio, e formo uma task force. Eram 80 candidatos. Los Angeles, Nova Iorque, Moscovo, cidades de jogadores que não davam hipóteses nenhumas. A bilheteira estava vendida à partida. Portugal não tinha jogador nenhum. Tinha só uma prova do ATP muito cotada e com glamour, mais nada. Mas fomos. Avaliaram as várias candidaturas, de 80 passou para 43, para 30 e, depois, 20.

Recebeu apoio do governo?
Nenhum até aqui. Estava a jogar sozinho, no escuro. E pensei: um dia fico para trás. Não há hipótese, pensei. Cumpro os mínimos, mas mais nada. Embora tivesse feito uma apresentação do caraças. Vendi Lisboa, os hotéis, a simpatia do povo. Foram os argumentos que levámos.

E o que sucede?
E, entretanto, somos oito. Já cá tinham vindo duas vezes e, às tantas, aparecem uma terceira vez e pensei: “Não posso ganhar.” [risos] Isto coincide com uma final do Estoril Open. Tinha um almoço com individualidades, o Miranda Calha [secretário de Estado do Desporto], AICEP, Isaltino Morais [Câmara Municipal de Oeiras] e só se falava do Europeu de futebol 2004. A decisão estava iminente. Antes de irmos assistir à final disse que tinha um assunto que gostava de colocar à consideração. Estávamos com dez anos do Estoril Open e falei da candidatura ao Masters, que não podia ganhar, nem podia pirar-me. O Calha sabia o que era a prova, começa a dar-me força para não desistir porque era uma oportunidade para Portugal se promover. Eram os anos da Expo 98 e do Euro 2004. Avisei que era uma pipa de massa. Assistimos à final. Na segunda-feira seguinte passam-me uma chamada do Ministério da Economia. Pensei que era alguma dívida. [risos] Era a secretária do ministro Pina Moura. “Tem possibilidade de dar aqui um pulinho?”, perguntou. Eram 11 da manhã estava na Horta Seca.

Quanto custou o Masters?
Quase de certeza que foram quatro milhões de dólares.

O governo comparticipou a 100%?
O Pina Moura disse para não desistir e que suportava os custos. Pagou. Mas depois gastei um balúrdio para montar tudo. Fiz a maior ginástica do mundo. Fiquei com uma dependência brutal da bilheteira. Estava borrado de medo.

Vi uma declaração sua a dizer que foi o maior espectáculo desportivo à escala mundial em Portugal.
À época, foi.

E ainda é?
Posso equiparar com outros acontecimentos, o Euro 2004.

Além do ténis esteve no futebol (Estoril), ciclismo (Benfica), ralis (Lisboa-Dakar), surf, vela (Volvo Ocean Race) e golfe. Factores internos e externos levaram
a que os projectos caíssem. No surf rebentou o 11 de Setembro, no Dakar foi a segurança, no ciclismo…

O ciclismo tem uma história, e ligada com o futebol. Tinha um patrocínio, um compromisso com o Alberto da Ponte e a Central de Cervejas para investir noutras modalidades além do futebol. Entro a contar com isso. No entanto, naquela altura houve renovação de contrato de patrocínios no futebol e o outro concorrente podia entrar. Era o tempo da luta entre a Central e a Super Bock.

Deixou de haver dinheiro para o ciclismo?
O Alberto da Ponte foi puxado. Derreteu tudo no futebol. Mas estava contratado para o ciclismo.

Está arrependido de ter avançado?
A equipa de ciclismo tinha tudo… Volta a Portugal, Volta ao Alentejo, estava no país todo. Não estou arrependido. Tinha toda a lógica do ponto de vista da gestão. Como se valoriza o ciclismo? A ter o Benfica na estrada ao lado de FC Porto e Sporting. Lembro-me dos números da polícia. Quando o Benfica foi para a estrada foram três milhões (eram dois milhões no ano anterior). Repare, quando treinavam não era em equipa. Um gajo que more no Norte treina aí, e as histórias que se contam é que automobilistas param e incentivam quem está a treinar.

Mas regressemos à equipa.
O Luís Filipe Vieira lixou-me à última hora. Quando me dá a equipa do Benfica para explorar, o risco foi todo meu, o Benfica não teve risco, assumo tudo, mas à última hora, é-me imposta a exclusividade durante três anos. Não havia nem Sporting nem FC Porto durante esses anos. Cedi, mas não devia ter cedido.

A edição deste ano do Estoril Open, que teve a sua chancela durante anos, está a começar. É abusivo dizer-se que se não fosse a queda do BES ainda tinha a organização do Estoril Open?
Não tem a ver com a queda do BES. Podia ser uma óptima desculpa para me agarrar, mas não. Não é honesto da minha parte refugiar-me numa desculpa dessas. Tivemos outras crises, anteriores, que afectaram a minha actividade. Olhe, a troika. E outras dificuldades, não tanto pela inviabilidade da exploração do ténis, mas por erros de gestão da minha própria empresa. À excepção do ciclismo, tinha tudo debaixo do mesmo chapéu. Se tivesse uma constipação no ciclismo, não pegava ao resto. Se uma tivesse de cair, caía e não afectava as outras. São erros relativos.

É católico.
A Nossa Senhora de Fátima estava sempre no Estoril Open. Tem a ver com a minha fé.

A Nossa Senhora de Fátima ajudará a escrever o livro?
Ajuda em tudo o que faço. Está presente nos erros, nas coisas menos bem-sucedidas. E nunca peço nada. Rezo mais quando as coisas correm bem do que quando correm mal.

E quando podemos ler o livro?
Em 2023.

É o João Lagos que está a escrever?
Tenho uma equipa relacionada com um novo projecto de média com o qual estou envolvido, ligado ao ténis, um portal de notícias.

Não larga o ténis.
É uma paixão que está aqui. Acho que ainda tenho valor a acrescentar, eu e outras pessoas. Se as juntar, temos competências para acrescentar valor.

Um projecto de média ainda é um negócio apelativo?
Nem sempre olho os projectos com a preocupação dos negócios e do lucro e de vantagens directas no meu bolso. Se acrescentar valor à modalidade, o negócio é consequência desse bom desempenho.