A presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, defendeu esta quinta-feira, 9 de novembro, no parlamento que é preciso acompanhar a atual crise política com serenidade e aconselhou prudência.
Nazaré da Costa Cabral falava numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), quando foi questionada pela deputada do PSD Rosina Ribeiro Pereira sobre o impacto da atual crise política na proposta.
“Temos que estar atentos, temos que acompanhar, mas com toda a serenidade e com toda a prudência”, afirmou.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.
O Presidente vai reunir hoje o Conselho de Estado, estando previsto falar ao país após a sua conclusão.
Nazaré da Costa Cabral sublinhou que até ao momento não se registam sinais de perturbação no que diz respeito aos títulos de dívida pública portuguesa no longo prazo, considerando que lhe parece prudente “empolar demasiadamente esse risco”.
“Estes momentos de perturbação política fazem parte da vida de um país, seja por qualquer razão o que for, mas o país continua a fazer a sua vida. Os empresários continuam a trabalhar, os trabalhadores a trabalhar e, portanto, é preciso ter alguma calma, é preciso aguardar”, disse.
Ainda assim, realçou que é preciso “que todos assumam bem as suas responsabilidades neste momento”.
A presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP) a avaliação pelas agências de notação financeira da dívida soberana portuguesa tem vindo sistematicamente a melhorar.
“Os prémios da dívida pública portuguesa, nomeadamente as Obrigações a 10 anos, estão em linha com países que nós nos habituamos a considerar países evoluídos e até países ‘core’, da União Económica e Monetária, como é o caso da Bélgica”, apontou, acrescentando que estão “consideravelmente abaixo” de outros países periféricos, como Itália ou Espanha.