Depois do discurso proferido este sábado à noite por António Costa, no comício do PS no Porto, Pedro Nuno Santos (PNS) terá ficado com mais dificuldade em se afirmar com propostas alternativas às do governo acabado de cair, o qual também integrou. O ainda primeiro-ministro, em exercício, dirigindo-se diretamente aos apoiantes e militantes que enchiam por completo o pavilhão Rosa Mota, questionou: “Será que vale a pena, agora que as coisas se começam a endireitar, fazer uma mudança sem segurança, em vez de dar oportunidade ao PNS para continuar o trabalho que temos vindo a desenvolver? Com novo impulso, novas ideias, mas sem mudar os rumos?”

Segundo António Costa, só não foi feito mais porque “mais não conseguimos fazer”,  lembrando que o mandato com maioria absoluta PS foi interrompido a meio. “Como o aluno que é sujeito a exame e nem sequer terminou ainda o 2.º período escolar”, exemplificou, afirmando: “Mesmo interrompido aos 40 minutos, o PS vai ganhar as eleições”. Os “40 minutos” eram uma piada ao clubismo de PNS, adepto dos dragões, para lançar um exercício mental sobre o que significa ser interrompido a meio. “Caso o jogo entre o FC do Porto e o Santa Clara, realizado na quarta-feira para a Taça de Portugal, tivesse terminado aos 40 minutos, os dragões teriam perdido o jogo. Mas, a partida foi até ao fim e ganharam”, gracejou, sublinhando que agora tem mais tempo para ler jornais.

Depois, invocou nove afirmações públicas do próprio PNS submetidas ao fact-checking da imprensa : “O país cresceu mais – verdadeiro; a dívida pública baixou – verdadeiro mas… (António Costa destacou o “mas”  com um encolher de ombros para desvalorizar a opção no fact-checking); o investimento subiu – verdadeiro; desemprego mais baixo – verdadeiro; salários mais altos – verdadeiro; pobreza mais baixa – verdadeiro; pensões mais altas – verdadeiro; abandono escolar desceu – verdadeiro; número de alunos universitário subiu – verdadeiro.”

Esta é a herança governativa de António Costa há nove anos a liderar o governo. Deixou-o bem vincado no discurso de sábado, olhando para PNS, fazendo-lhe perceber que mudar o rumo das políticas que vai herdar, caso ganhe as eleições, pode ser um erro.

António Costa, deixou vem vincada a herança da obra que o próximo primeiro-ministro vai receber, como também a obra em curso que poderá inaugurar. Por exemplo, o Hospital Central do Alentejo – está pronto para o ano, garantiu; o Hospital de Sintra; o Hospital de Seixal; o Hospital Oriental de Lisboa; e também, o Hospital Central do Algarve que há de ser feito”. Tudo para PNS inaugurar.

“E vai ter também muita obra para inaugurar do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, adiantou, lembrando que “foram construídos 124 novos centros de saúde e foram remodelados 374 grandes centros de saúde, todos já equipados com gabinetes de medicina dentária para dar corpo à medida prometida por PNS” sobre medicina dentária.

“Vai ter muita obra para inaugurar”, frisou, acrescentando mais alguns feitos: “Vão aumentar em 78% as camas em residências universitárias para tornar o ensino mais acessível aos alunos deslocados.  Assim como dos 40 mil lugares de creche previstos até 2026, ainda só abriram 14 mil… portanto, ainda tem 26 mil para as fazer e inaugurar até 2026, que é metade do mandato”, salientou.

António Costa destacou ainda outras medidas que foram pensadas nestes últimos nove anos pelos seus governos, um dos quais PNS esteve como ministro das Infraestruturas, para dizer que há também projetos em curso na ferrovia, na rodovia e na habitação que esperam conclusão e inauguração. “Vai ter muita inauguração pela frente”.

O discurso de António Costa, no sábado, serviu para lembrar ao herdeiro que aprecie e goze a herança que vai receber não se meta em aventuras. António Costa pediu a PNS que mantenha o rumo. Se PSN arriscar dizer que pensa num novo rumo para Portuga estará a trair o “pai” que lhe deixa tudo. O discurso de sábado terá servido para condicionar a campanha de PNS nesta reta final de sensibilização perante os eleitores indecisos, que é a maioria. O ego de António Costa encheu por completo o pavilhão Rosa Mota e diminuiu PNS.