Charles Michel anunciou este domingo que vai candidatar-se às eleições europeias de junho deste ano, o que o levará a renunciar ao cargo de presidente do Conselho Europeu, quatro meses e meio antes do final do mandato, se vier a ser eleito eurodeputado na lista do Movimento Reformador, partido liberal francês.
“Decidi ser candidato nas eleições europeias de junho. Quatro anos após o início do meu mandato como líder europeu, é minha responsabilidade prestar contas do meu trabalho nestes últimos anos e propor um projeto para o futuro da Europa”, anunciou Charles Michel, antes do congresso do partido que liderou de 2011 a 2014.
A decisão apanhou Bruxelas de surpresa e, segundo escreve o Público, vai obrigar os líderes europeus a encontrar um candidato que possa dirigir o Conselho Europeu já em julho, para evitar que o lugar seja ocupado interinamente por Viktor Orbán, que irá assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia a partir de 1 de julho.
Recorde-se que os chefes de Estado e de governo da União Europeia se reúnem após as eleições europeias para acordar a distribuição dos lugares de topo das instituições do espaço comum: Comissão Europeia, Parlamento Europeu, Conselho Europeu e Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia. Esta distribuição tem em conta os resultados das eleições e os equilíbrios geográficos e de igualdade de género.
Os cargos são tradicionalmente distribuídos pelas famílias políticas europeias em função do tamanho das bancadas no Parlamento Europeu. O próximo presidente do Conselho Europeu deverá pertencer aos Socialistas e Democratas, a que pertence o PS, que ocupam o segundo lugar nas sondagens, atrás do Partido Popular Europeu, a que pertencem PSD e CDS.
Recorde-se que António Costa tem sido apontado para suceder a Charles Michel. O primeiro-ministro revelou ter recusado, em 2019, um convite para suceder ao atual presidente do Conselho Europeu, que terminava na altura o seu primeiro mandato e acabou por avançar para o segundo.
Depois da demissão de António Costa, a 7 de novembro, a especulação sobre o seu futuro europeu aumentou, mas o PS não deverá propor o nome de um candidato envolvido numa investigação judicial.