A acta secreta da assembleia-geral do BES Angola

O NOVO revela o que foi dito a 3 e a 21 de Outubro de 2013, na famosa assembleia-geral do BESA em que Álvaro Sobrinho foi encostado à parede pelos accionistas do banco. O Ministério Público apreendeu emails e documentos sobre as reuniões de 2013, entre os quais a acta secreta dessa reunião, e reconstituiu esses momentos tensos.

No dia da assembleia-geral do BES Angola (BESA), que reuniu todos os accionistas do banco para debater o estado da carteira de crédito, a reunião esteve suspensa durante 1h e 45 minutos para uma conversa à porta fechada entre cinco dos presentes: o representante da accionista Geni, Leopoldino Fragoso do Nascimento (conhecido como general Dino), o representante da Portmill, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior (General Kopelipa), Ricardo Salgado, Álvaro Sobrinho e Paulo Kassoma, então presidente do Conselho de Administração daquele banco privado. O que aconteceu nesta reunião a cinco, porém, nunca ficou em privado. Através de uma série de emails e documentos apreendidos, o Ministério Público conseguiu reconstituir o seu conteúdo, e o mesmo é agora revelado pelo NOVO na edição que este Sábado chega às bancas.

Um desses documentos apreendidos – e que consta do processo em que Álvaro Sobrinho e outras quatro figuras ligadas ao BES e ao BESA foram acusadas, em Julho passado, de crimes de abuso de confiança e/ou de burla qualificada devido ao dinheiro alegadamente desviado do banco – é a famosa acta da assembleia-geral do BESA, completa e sem qualquer elemento truncado, e que até aqui permanecia secreta.

Essa acta serviu para o Ministério Público reconstituir tudo o que foi apresentado e dito na reunião de 3 de Outubro de 2013 e no dia 21 desse mês, data em que a assembleia-geral prosseguiu em Luanda. É através desse relato que se consegue perceber todas as acusações trocadas em directo entre Álvaro Sobrinho e Ricardo Salgado, com o então presidente do BES a fazer um ultimato suave – “Era importante saber quem ajudou quem” – e a declarar-se perplexo por o ex-presidente do BESA não conseguir dar explicações sobre os créditos atribuídos durante a sua gestão mas estar tão bem informado sobre os que tinham sido dados depois da sua saída.

Além da acta, o Ministério Público também apreendeu uma apresentação de 130 páginas feita por Rui Guerra, que substituiu Sobrinho na presidência do BESA, com a descrição ao pormenor de todos os créditos atribuídos pela gestão de Sobrinho, entidades beneficiadas e montantes envolvidos, explica o NOVO.

A reconstituição da reunião pelo Ministério Público permite perceber, segundo o NOVO, por que razão a acta completa, e sem qualquer cortes de nomes ou valores, nunca tinha sido conhecida. E não foi por razões de sigilo bancário impostos pela lei angolana, ao contrário do que foi sendo dito nos últimos anos. Na verdade, diz o semanário, a redacção da acta foi tudo menos pacífica, a ponto de serem feitas duas actas: uma completa e uma truncada. Os principais accionistas angolanos defendiam que nada do que tinha sido dito na reunião deveria ser ocultado.

Leia tudo na íntegra na edição do NOVO este Sábado nas bancas